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16/11/2017
Este post é assinado por: Rafael Cruz
Texto do dia
Texto bíblico
INTRODUÇÃO
Quando falamos em violência urbana, podemos tentar imaginar que é algo novo ou recente (30, 40 anos atrás). Mas como vimos na leitura oficial da nossa lição é algo que já existe a muito tempo no meio da sociedade.
Podemos caracterizar a violência urbana como uma desobediência a lei, desrespeito aos bens públicos e um atentado a vida no meio das cidades. As grandes causas para esse tipo de violência são o desemprego ou a oferta de emprego de baixa qualidade, a segregação, ausência de políticas para oferta de bens e serviços para a população, infraestrutura precária e exclusão socioeconômica.
Como visto na passagem do bom samaritano, a violência urbana não é um fenômeno novo e sempre esteve ligada à oferta insuficiente da garantia de direitos e cumprimento de deveres de maneira igualitária.
Benedetto Croce já disse: ‘A violência não é força, mas fraqueza, nem nunca poderá ser criadora de coisa alguma, apenas destruidora’. Violência deriva do latim violentia (que por sua vez o amplo, é qualquer comportamento ou conjunto de deriva de vis, força, vigor); aplicação de força, vigor, contra qualquer coisa ou ente. Ela faz chorar, sofrer, irar-se e, até mesmo, revoltar-se. Tudo isso é humano e legítimo. Não há nada de demoníaco ou patológico nessas reações.
Com isso podemos resumir que a violência urbana consiste em um tipo de violação da lei penal. Consiste na prática de crimes diversos contra pessoas (assassinatos, roubos e sequestros), e contra o patrimônio público, influenciando de forma negativa o convívio entre as pessoas e a qualidade de vida.
I – PERSPECTIVA BÍBLICA SOBRE A VIOLÊNCIA
1. A violência na Bíblia
Falando em violência, precisamos entender a luz da palavra de Deus esse conceito. A violência nada mais é que um dos resultados da entrada do pecado na humanidade. O pecado não só corrompeu o homem em si, mas com suas atitudes, corrompe também o meio onde vive. A primeira consequência do pecado é a violência. Em meio à rivalidade, Caim mata Abel protagonizando o primeiro homicídio da história. Estava inaugurada a violência sobre a face da terra.
O ato de Caim revela a natureza da humanidade que, agora arruinada pelo pecado, comete violência sobre violência. Sua disposição para o mal é evidenciada em Lameque que, além de matar dois homens, louva os próprios crimes.
A bíblia é clara em nos dizer que Deus após ver que sua criação tinha se corrompido com o pecado, teve grande tristeza (antropopatia).
O antropólogo francês, René Gerard, famoso pelo seu livro: A violência e o Sagrado, publicado pela primeira vez em 1972, afirma que ‘a violência está na base da sociedade e da cultura, sob a forma dissimulada do bode expiatório. Cada um deseja o que o outro deseja, o que desencadeia uma rivalidade constante e ameaçadora, que se identifica com o sagrado, potência sobrenatural opressora, externa ao ser humano, verso o qual a humanidade tem sempre um sentimento de atração e repulsa ao mesmo tempo.’
A violência na mente é tão dolorosa como a violência pelas mãos. Levítico 19:17 diz: “Não aborrecerás teu irmão no teu íntimo; mas repreenderás o teu próximo e, por causa dele, não levarás sobre ti pecado.”
Desde que o primeiro casal pecou, a violência impera sobre a Terra através da maldade humana, mas a oração e a paciência superam a violência e a raiva em qualquer dia.
2. A geração do dilúvio
Quando Deus olhou para o homem e percebeu que o homem havia se corrompido, conforme se lê no texto, Ele teve que tomar uma decisão para restaurar o homem ao ponto que ele desejava, pois a corrupção da humanidade tornou-se tão pecaminosa que Deus não conseguia nem aceitar mais o homem. O Senhor mesmo afirma que o fim de toda carne viria perante Sua face, pois a terra estava cheia de violência. Isso representa a própria revelação da obra de Deus em Cristo Jesus. Quando Paulo mostra isso, ele nos diz que: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” Romanos 3.23.
Paulo caracteriza nossa geração como sendo exatamente a geração de Noé. Vamos ler o texto ainda em Romanos capitulo 3, a partir do verso 10:
Do mesmo modo que Paulo conclui que o homem está separado da glória de Deus, isto é, distante de participar da divindade e de sua natureza, conclui-se que a geração de Noé estava separada da glória de Deus. Deus precisava recriar a humanidade.
A ideia central é que essa geração corrupta e pecaminosa precisa ser recriada. É aí que entra quando Jesus diz a Nicodemos: Necessário é nascer de novo. Hoje, para que possamos retornar ao estado original de relacionamento com Deus, o próprio Senhor nos providenciou sua arca: Jesus, o Cordeiro de Deus.
Vivemos dias semelhantes aos de Noé. Por isso, a Igreja de Cristo, como sal da terra e luz do mundo, deve postar-se como a voz profética de Deus contra todos os tipos de violência.
3 Violência ao longo da Bíblia
Muitos críticos podem dizer que a Bíblia é um livro sanguinário, violento, cheio de guerras e coisas ruins. O que devemos compreender é que são fatos narrados para entendermos e analisarmos as consequências do pecado na humanidade, não é para termos as mesmas atitudes.
Deus de maneira alguma faz apologia à violência na Bíblia, mas pelo contrário, em seus 10 mandamentos, 2 (dois) deles designam justamente o âmbito do relacionamento entre as pessoas de forma comum: Não matarás e não roubarás (Êxodo 20.13,15). Um adendo quanto ao versículo em Êxodo 20:13 que tinha sido incorretamente traduzido como “não matarás”, mas significa, literalmente, “não assassinarás“. Deus tem permitido guerras justas em toda a história do Seu povo.
A violência na Bíblia ocorre, mas temos de reconhecer a diferença entre o julgamento santo sobre o pecado e as nossas próprias vinganças pessoais contra aqueles de quem não gostamos, que é o resultado inevitável do orgulho (Salmo 73:6).
II – O PODER PÚBLICO E A VIOLÊNCIA URBANA
1. “Nínives” da atualidade
Entre 2011 e 2015, a violência no Brasil matou mais pessoas que a Guerra da Síria, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Entre janeiro de 2011 e dezembro de 2015, o Brasil teve um total de 278.839 assassinatos, o que, de grosso modo, leva a uma média mensal de 4.647,3 vítimas. Já na Síria, entre março de 2011 e novembro de 2015, a guerra causou 256.124 mortes, segundo estimativa da Agência da Organização das Nações Unidas para os Refugiados.
Recentemente foi divulgado o Atlas da Violência de 2017, lançado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Esse Atlas revela que homens, jovens, negros e de baixa escolaridade são as principais vítimas de mortes violentas no País. Atualmente, de cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negras. De acordo com informações do Atlas, os negros possuem chances 23,5% maiores de serem assassinados em relação a brasileiros de outras raças, já descontado o efeito da idade, escolaridade, do sexo, estado civil e bairro de residência.
Taxa de homicídios nos municípios brasileiros, 2005 e 2015
Com números tão assustadores assim, parece que ‘Nínive’ é aqui!
1. O Estado e a sua função de punir o mal
Deus deu autoridade para o estado no intuito de punir o mal e castigar os malfeitores. Isso é bíblico e podemos ler em 1 Pedro:
O governo deve exercer seu papel como representante divino e prescrever leis que reprimam o pecado do homem, não como a igreja o faz, mas na questão moral. Quando o estado deixa de conter o pecado e passa a promove-lo, ele está pecando contra Deus desobedecendo-o e desonrando o papel que lhe fora incumbido.
Hebden Taylor diz: “O estado existe em função da pecaminosidade humana, de tal forma que, com o seu poder de coerção, é uma instituição característica da graça comum, temporal e preservativa, de Deus. A visão católico-romana, que fundamenta o estado na esfera do natural, não faz justiça ao fato do pecado. Tanto no Antigo, como no Novo Testamento, o poder organizado da espada é relacionado de modo enfático com a queda do homem (Romanos 13.1-5; 1 Pedro 2.13; Apocalipse 13.10; 1 Samuel 12.17-25; 24.7,11; 26.9-11; 2 Samuel 1.14-16).”
O governo deve garantir “que não se perturbe o sossego público; que cada um possua o que é propriamente seu; que os homens mantenham entre si transações justas; que se cultive honestidade e modéstia entre eles; enfim, que entre os cristãos subsista a expressão pública da religião, seja a humanidade firmemente estabelecida entre os homens” (João Calvino).
2. O papel do Poder Público
Um texto muito claro que nos fala sobre o papel do poder público se encontra em Romanos 13.
Sobre esse versículo, Kuyper diz que esta espada tem um triplo significado. É, primeiro, a espada da justiça para distribuir a punição física ao criminoso. É, em segundo lugar, a espada da guerra para defender a honra, os direitos e os interesses do Estado contra seus inimigos. E, em terceiro lugar, é a espada da ordem para frustrar em seu próprio país toda rebelião violenta.
Além disso a Constituição brasileira estabelece no artigo 144 que ‘a segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio’, ou seja, é dever do Estado preservar a ordem e garantir a segurança pública.
III – A IGREJA EM UMA SOCIEDADE VIOLENTA
1. Utilizando as ferramentas de Deus
Nós como seguidores de Cristo, de que maneira podemos contribuir para a diminuição desse alto índice de criminalidade que assola o nosso país? De várias maneiras. Através da palavra de Deus podemos transmitir conceitos morais, éticos, de justiça e ordem para levar até a sociedade uma solução a essa situação caótica que vivemos.
Deus sempre estabeleceu regras para nós, isso vem desde o jardim do Éden.
Nesses dois versículos podemos ver que Deus instituiu: direitos, restrições e punições ao homem:
Essa instituição de regras e ordem aconteceu também com o povo de Israel quando saíram do Egito. O povo já estava ali há mais de 400 anos, não sabiam o que era viver em liberdade. Para que não houvesse uma sociedade bagunçada, Deus dá os 10 mandamentos demonstrando ali conceitos éticos, cívicos e cerimoniais para que se estabelecesse uma ordem no meio do povo. Os 10 mandamentos então serviam para organizar a vida em comunidade.
A Igreja e os cristãos têm o papel do testemunho dos valores que fundamentam a ética cristã. Testemunhar os valores cristãos. A Igreja deve ajudar na organização das pessoas, tem essa obrigação. A Igreja tem princípios éticos e morais, que devem ser testemunhados. Testemunho não apenas no anúncio dos valores do Reino, mas na maneira de viver, na maneira de estabelecer diálogos na sociedade.
Algumas atitudes, como igreja, podemos tomar para que a violência diminua:
Referências
Seguidores de Cristo – Testemunhando numa Sociedade em Ruínas – Valmir Nascimento, CPAD, Rio de Janeiro
https://www.bibliaonline.com.br/acf
Por Rafael Cruz
Postado por ebd-comentada
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