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03/06/2020
Este post é assinado por Cláudio Roberto de Souza
Provérbios 14:2-8,25
2 O que anda na sua sinceridade teme ao SENHOR, mas o que se desvia de seus caminhos despreza-o.
3 Na boca do tolo está a vara da soberba, mas os lábios do sábio preservá-lo-ão.
4 Não havendo bois, o celeiro fica limpo, mas, pela força do boi, há abundância de colheitas.
5 A testemunha verdadeira não mentirá, mas a testemunha falsa se desboca em mentiras.
6 O escarnecedor busca sabedoria e não a acha, mas para o prudente o conhecimento é fácil.
7 Vai-te à presença do homem insensato e nele não divisarás os lábios do conhecimento.
8 A sabedoria do prudente é entender o seu caminho, mas a estultícia dos tolos é enganar.
25 A testemunha verdadeira livra as almas, mas o que se desboca em mentiras é enganador (ARC)
Êxodo 20:16
16 Não dirás falso testemunho contra o teu próximo. (ARC)
Paz seja convosco nobres companheiros(as) do ministério do Ensino.
Estudaremos o nono mandamento. Para muitos, este é sem dúvidas, a ordenança mais violada pela humanidade. Ouvimos relatos diversos de grandes injustiças que foram cometidas e depois reveladas de pessoas que perderam empregos, famílias, amigos, convívio social por passarem décadas na cadeia devido a uma mentira, um conluio que foi armado para livrar uns e culpar outros indevidamente.
Juridicamente a palavra que se adequa a quebra deste mandamento é perjúrio. Não se trata apenas de uma palavra utilizada no meio jurídico, mas se caracteriza como crime contra autoridade judicial. Vejamos o seu conceito.
Perjúrio é o ato intencional de prestar um juramento falso ou violação do juramento, falada ou por escrito, sobre assuntos relevantes a um procedimento oficial.
De acordo com o Artigo 342 do Código Penal Brasileiro, perjúrio, conhecido como “falso testemunho”, caracteriza-se como “fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade.”
O Código Penal Português em seu artigo 359º dispõe: “Quem prestar depoimento de parte, fazendo falsas declarações relativamente a factos sobre os quais deve depor, depois de ter prestado juramento e de ter sido advertido das consequências penais a que se expõe com a prestação de depoimento falso, é punido com pena de prisão até 3 anos ou com pena de multa.”
Em resumo seria:
O nono mandamento, é como uma bandeira agitada em oposição a prática da mentira e do perjúrio. Não é sem propósitos que por exemplo, em alguns países, é procedimento que um depoente ou testemunha, antes de relatar o que sabe dos fatos relacionados a um julgamento, faz antes um juramento com a mão sobre a Bíblia. A prática revela apreço e respeito pela Palavra de Deus e para alguns, o nono mandamento é evidenciado de que aquela testemunha está comprometida em ser honesta e verdadeira com tudo aquilo que será dito.
O nono mandamento preza e evoca a veracidade e a fidelidade dos acontecimentos. Nas entrelinhas, ele retrata a mentira como abominável, pois ela é capaz de destruir a boa fama de outro de forma avassaladora.
Este mandamento traz consigo o pressuposto de que a verdade deve prevalecer em nossas relações cotidianas e nos tribunais, porém, sabemos que a realidade é bem diferente. Mais triste são as evidências que tais práticas tem se tornado comuns em nosso meio, revelando um caráter completamente diferente daquele que fomos chamados a demonstrar.
Este mandamento torna-se claramente uma forma de expressarmos o verdadeiro amor ao próximo; especificamente, preservando a sua honra por meio de nossas palavras!
O nono mandamento – “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.” (Êx 20.16) é como freio nas más intensões do coração humano que visa arruinar a imagem de alguém com relatos inverídicos. Ele aponta para a proteção da honra.
O pastor Alexandre Claudino Coelho afirma que o termo hebraico “ed”, “testemunho”, “emedshaw”, literalmente “testemunho vão” (Dt 5.20), ou “edshaqer”, “falso testemunho” (Êx 20.16), diz respeito a uma mentira, a uma declaração conscientemente falsificada. O termo hebraico “shaw”, “vão, inutilmente, à toa”, indica algo sem valor, irreal no aspecto material e moral. Aqui se trata de alguém que fala em vão, sem fundamento, que faz acusação sem validade e sem consistência, portanto falso. A tradução de Deuteronômio 5.20, na Septuaginta, acrescenta “com testemunho falso”, assim: “Não testemunharás falsamente contra o teu próximo com testemunho falso.”
A falsa testemunha é mentirosa. Hans Ulrich Reifler explica que as palavras mais frequentes que a Bíblia hebraica aplica à mentira são “sheger” (“falsidade”, “engano”) e “kazabh” (“mentira”, “engano”). Portanto, a mentira é uma declaração falsa que tem a intenção de enganar o próximo.
O pastor Walter Brunelli elenca alguns outros pontos que caracterizam crime vinculados a quebra do nono mandamento:
Ao cristão cabe se resguardar de tais práticas e sempre considerar a verdade acima de tudo, mesmo quando inimigos declarados combatem contra nós. Confiemos em Deus e façamos o certo, sempre!
Para Salomão, é melhor ter um bom nome do que qualquer riqueza. Trata-se de uma verdade pouco considerada pela maioria, mas o próprio Deus demonstrou zelo pelo seu próprio nome quando ordenou no terceiro mandamento que não deveria ser pronunciado sem propósitos que o dignifique.
Pastor Walter Brunelli é cirúrgico: “Do mesmo modo que Deus deixou o terceiro mandamento para proteger o Seu nome, o nono mandamento, protege o nome dos homens.”
O bom nome aponta para a sua reputação. Há tempos, um bom nome valia mais que uma nota promissória.
Reifler afirma que a proteção da honra humana é fundamental para a convivência social de qualquer comunidade ou nação. Nenhum homem deseja que sua reputação ou o bom nome de sua família sejam atingidos. A honra talvez seja a parte mais sensível do ser humano. O nono mandamento trata da proteção desta área pessoal.
Voltemos a declaração do rei e sábio Salomão: “Mais digno de ser escolhido é o bom nome do que as muitas riquezas; e a graça é melhor do que a riqueza e o ouro.” (Pv 22.1).
Sobre o texto acima, Norman Russell Champlin afirma que o bom nome corresponde à natureza real da pessoa. O indivíduo não pode ser hipócrita. Uma vez cumprida essa condição, então esse bom nome é algo que deve ser valorizado. O bom nome é preferível às grandes riquezas, que é o que a maioria dos homens busca tão diligentemente. O bom nome é o nome de um homem sábio, que estuda a lei e a segue.
Pirke Aboth tem uma excelente declaração que ilustra o versículo: “Existem três coroas, a coroa da Torah, a coroa do sacerdócio e a coroa do reinado; mas a coroa de um bom nome excede a todas essas coroas.”
João Calvino descreveu o teor e a aplicação principal deste mandamento com as solenes palavras: “Seu propósito: visto que Deus, Que é a verdade, abomina a mentira, entre nós deve a verdade ser cultivada sem dissimulação. A síntese, portanto, será que não prejudiquemos o nome de alguém ou com calúnias e incriminações falsas, ou, pela mentira, (o) agravemos em seu patrimônio; enfim, não façamos mal a quem quer que seja pelo desenfreamento da maledicência e da mordacidade. A esta proibição está ligada a injunção a que emprestemos a cada um, até onde viável, fiel assistência em afirmar-se a verdade, para que se proteja a integridade tanto de (seu) nome, quanto de suas cousas.”
O falso testemunho tem o poder e a capacidade de manchar o bom nome. O falso testemunho prega a pecha em outro que não corresponde com a verdade, acarretando males, perdas e muitas desgraças.
Não difamar o próximo é uma iniciativa divina que preza pelo respeito e a manutenção do bom nome na sociedade.
O que significa reputação? O pastor Alexandre responde: “É o conceito, estima, renome que alguém tem num determinado grupo”. Vimos que a finalidade do nono mandamento era justamente proteger a reputação do próximo. Como podemos cuidar da reputação do nosso próximo? Uma das maneiras é não mentir ou fazer comentários maldosos a respeito dos irmãos ou quem quer que seja!
Mais uma vez, Salomão fala sobre o tema. Leiamos:
Provérbios 6:16-19
16 Estas seis coisas aborrece o SENHOR, e a sétima a sua alma abomina:
17 olhos altivos, e língua mentirosa, e mãos que derramam sangue inocente,
18 e coração que maquina pensamentos viciosos, e pés que se apressam a correr para o mal,
19 e testemunha falsa que profere mentiras, e o que semeia contendas entre irmãos. (ARC – grifo meu)
Como expresso no texto acima, o falso testemunho contra alguém é algo que Deus aborrece (no original é ‘sane’, cujo significado é odiar ou ser odioso). Na tradução da Bíblia A Mensagem, o termo é “DETESTÁVEL”.
Deus não somente tudo vê, mas reage com sentimentos pouco agradáveis com relação aqueles que praticam atos reprováveis contra o seu próximo. Note que existe forte conexão com tais atitudes e a violação do nono mandamento. Duas das seis coisas aborrecíveis a Deus e a sétima detestável, estão relacionados a quebra do nono mandamento!
Conta-se a história (se verdadeira, não sabemos) de um pastor que foi acusado de adultério de forma injusta. Como consequência, ele perdeu a esposa que pediu o divórcio, os filhos o abandonaram e cortou os laços de afeto. A igreja o tratou como um leproso e já não havia mais qualquer ambiente que facilitasse a sua comunhão com os santos. Por fim, se tornou motivo de zombaria na pequena cidade que residia. Sua fama de bom pastor, conciliador, amoroso, zeloso pelas coisas de Deus, justo, honesto e de moral ilibada foram jogadas numa lixeira em questão de minutos. Abandonado, o pastor passou a viver nas ruas e comer sobras, adoeceu e foi internado em um hospital público. Na cama, e já irreconhecível, recebeu uma visita inesperada de um obreiro que acabou confessando ter sido o autor da calunia que o difamou e o fez perder tudo, inclusive a vontade de continuar a viver. Aquele obreiro lhe pediu perdão e perguntou a ele como poderia reparar o mal que havia feito. Aquele pastor retirou o travesseiro da cabeça, o rasgou e lançou as penas pela janela do último andar que estava internado e disse: “Ajunte todas as penas do meu travesseiro e traga-me de volta uma a uma.” Aquele obreiro perplexo, olhando para as milhares de penas que flutuavam no infinito disse: “É impossível recolher todas.” Então aquele pastor concluiu: “Você está perdoado, mas é impossível corrigir o dano que você me causou!”
Infelizmente a calúnia e a difamação podem causar prejuízos irreparáveis e muitos são os que sofrem as consequências deles.
Reifler afirma que múltiplas são as facetas do pecado contra a honra do próximo: desrespeito, resposta evasiva (Gn 4.9), engano proposital ou falsidade deliberada (Gn 27.19), ambiguidade, mordacidade, maledicência, injúria, ofensa, insulto, ódio, calúnia, detração, crítica desastrosa, murmuração, falsidade, malícia, logro (At 5.1-10), mexerico, zombaria, raiva. Toda manifestação de mentira provém do coração enganoso (Jr 17.9), que evidencia o desrespeito e o desprezo em nossos pensamentos e desejos íntimos.
Porém, qual a origem de alguém levantar um falso testemunho contra outro? O que o motiva a fazer algo tão repugnante?
Mágoa
A mágoa pode desencadear a calúnia ou a difamação contra outro. José foi caluniado pela mulher de Potifar, pois ela era uma mulher orgulhosa e tentou deitar-se com o jovem hebreu. A recusa de José a magoou e feriu o seu orgulho. Foi rejeitada pelo jovem servo do Senhor, então mentiu, caluniou e difamou. O resultado do falso testemunho colocou José na prisão (Gn 39.7-20).
Boato (fofoca)
Neemias enfrentou a calúnia daquelas que não queriam a restauração dos muros de Jerusalém. Leiamos:
Neemias 6:5-8
5 Então, Sambalate, da mesma maneira, pela quinta vez, me enviou o seu moço com uma carta aberta na sua mão,
6 e na qual estava escrito: Entre as gentes se ouviu e Gesém diz que tu e os judeus intentais revoltar-vos, pelo que edificais o muro; e que tu te farás rei deles segundo estas palavras;
7 e que puseste profetas para pregarem de ti em Jerusalém, dizendo: Este é rei em Judá. Ora, o rei o ouvirá, segundo estas palavras; vem, pois, agora, e consultemos juntamente.
8 Porém eu enviei a dizer-lhe: De tudo o que dizes coisa nenhuma sucedeu; mas tu, do teu coração, o inventas. (ARC)
A expressão “entre as gentes se ouviu” é claramente uma evidência de que Neemias era vítima de fofocas entre os seus perseguidores (Sambalate, Tobias e Gesém).
Como Sambalate já havia se frustrado com as investidas anteriores, agora ele faz uso do expediente da mentira, da calúnia, da difamação. O propósito era levantar rumores tão altos que pudessem ser ouvidos em Susã (uma clara rebelião contra Artaxerxes, rei da Pérsia, que o autorizou a reconstruir a cidade de Jerusalém), rumores que dava a pensar que Neemias queria se fazer rei em Judá.
Este testemunho é feito deliberadamente com falsidade, falta de verdade e mentiras, porém, pela sabedoria e propósitos divinos, o boato motivado pela inveja não prosperou.
A Bíblia é enfática contra a fofoca. Leiamos:
Levítico 19:16
16 Não andarás como mexeriqueiro entre o teu povo; não te porás contra o sangue do teu próximo. Eu sou o SENHOR. (ARC)
Provérbios 11:13
13 O que anda praguejando descobre o segredo, mas o fiel de espírito encobre o negócio. (ARC)
Provérbios 20:19
19 O que anda maldizendo descobre o segredo; pelo que, com o que afaga com seus lábios, não te entremetas. (ARC)
1 Timóteo 6:20
20 E tu, ó Timóteo, guarda o que te foi confiado, evitando os falatórios inúteis e profanos […] (Almeida Revista e Atualizada)
2 Timóteo 2:16
16 Evita, igualmente, os falatórios inúteis e profanos, pois os que deles usam passarão a impiedade ainda maior. (Almeida Revista e Atualizada)
Tiago 1:26
26 Se alguém supõe ser religioso, deixando de refrear a língua, antes, enganando o próprio coração, a sua religião é vã. (Almeida Revista e Atualizada)
Inveja
Mais uma vez José é o nosso exemplo. A Bíblia relata que ele sonhou dois sonhos e os contou a sua família, no entanto, o sonho era de fácil interpretação, tanto que os seus irmãos o invejavam porque no sonho, José se apresentava como o líder de todos eles (Gn 37.11). Por esse motivo, os seus irmãos o ofenderam, lançando-o em uma cova e depois vendendo-o como escravo aos ismaelitas (Gn 37.18-25).
O próprio Jesus foi caluniado, teve um julgamento completamente ilegal e por fim, morto por inveja dos fariseus (Mt 27.18) que buscavam violar o nono mandamento conforme se lê:
Mateus 26:59
59 Ora, os príncipes dos sacerdotes, e os anciãos, e todo o conselho buscavam falso testemunho contra Jesus, para poderem dar-lhe a morte, (ARC – grifo meu)
Más conversações
Há pessoas que vivem para falar mal de outros. Eles sentem prazer nisto.
Conheço pessoas que estar ao lado delas é um grande desafio, pois a sua língua é ácida; se não estiver denegrindo alguém não há assunto. Elas fazem mal. Elas chegam como quem não quer nada, falam algo meio desconexo para puxar papo e depois começam a tecer os seus comentários que se iniciam singelos, despretensiosos, naturais e quando você percebe está envolvido na teia da difamação.
A palavra condena tal prática. Leiamos:
2 Timóteo 3:1-5
1 Sabe, porém, isto: nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis,
2 pois os homens serão egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes,
3 desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem,
4 traidores, atrevidos, enfatuados, mais amigos dos prazeres que amigos de Deus,
5 tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. Foge também destes. (Almeida Revista e Atualizada)
Tiago 4:11
11 Irmãos, não faleis mal uns dos outros. Aquele que fala mal do irmão ou julga a seu irmão fala mal da lei e julga a lei; ora, se julgas a lei, não és observador da lei, mas juiz. (Almeida Revista e Atualizada)
Salmos 101:5
5 Aquele que difama o seu próximo às escondidas, eu o destruirei; […] (ARC)
Provérbios 16:28
28 […] o difamador separa os maiores amigos. (Almeida Revista e Atualizada)
Aqueles que não possuem o hábito de difamar outros, mas que convive com quem os possui, pode tornar-se como eles, pois está escrito: “não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes” (1Co 15.33).
Evangelista Cláudio Roberto de Souza
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Postado por ebd-comentada
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