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Central Gospel – 1º Trimestre 2020 – 22-03-2020 – Lição 12 – A espiritualidade cristã e o Espírito Santo

19/03/2020

Este post é assinado por Cláudio Roberto de Souza

TEXTO BÍBLICO BÁSICO

João 4:19-30

19 Disse-lhe a mulher: Senhor, vejo que és profeta.
20 Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que é em Jerusalém o lugar onde se deve adorar.
21 Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me que a hora vem em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai.
22 Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus.
23 Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim o adorem.
24 Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.
25 A mulher disse-lhe: Eu sei que o Messias (que se chama o Cristo) vem; quando ele vier, nos anunciará tudo.
26 Jesus disse-lhe: Eu o sou, eu que falo contigo.
27 E nisso vieram os seus discípulos e maravilharam-se de que estivesse falando com uma mulher; todavia, nenhum lhe disse: Que perguntas? ou: Por que falas com ela?
28 Deixou, pois, a mulher o seu cântaro, e foi à cidade, e disse àqueles homens:
29 Vinde e vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito; porventura, não é este o Cristo?
30 Saíram, pois, da cidade e foram ter com ele. (ARC)

TEXTO ÁUREO

Romanos 8:6
6 Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz. (ARC)

OBJETIVOS DA LIÇÃO

  • Destacar a necessidade de permitirmos e insistirmos em nossa espiritualidade como evidência de uma vida transformada;
  • Conhecer quais são as características da espiritualidade cristã;
  • Aplicar o conhecimento da aula de hoje à vida prática, a fim de que a nossa espiritualidade possa dar testemunho de que fomos salvos e transformados pela presença do Espírito;

PALAVRA INTRODUTÓRIA

Paz seja convosco nobres companheiros(as) do ministério do Ensino.

Neste ponto iremos estudar sobre a espiritualidade cristã, já que existem conceitos de espiritualidade a parte do cristianismo e até mesmo da religião.

A Enciclopédia online Wikipedia, defini a espiritualidade como sendo uma “propensão humana a buscar significado para a vida por meio de conceitos que transcendem o tangível, à procura de um sentido de conexão com algo maior que si próprio”.

A espiritualidade pode ou não estar ligada a uma vivência religiosa. No entanto, segundo diversas confissões religiosas, a espiritualidade traduz o modo de viver característico de um crente que busca alcançar a plenitude da sua relação com o transcendental.

Cada doutrina religiosa comporta uma dimensão específica a esta descrição geral; mas, no aspecto religioso, pode-se traduzir a espiritualidade como uma ‘dimensão do homem’, como ser naturalmente religioso, e que constitui, de modo temático ou implícito, a sua mais profunda essência e aspiração.

Alguns autores, porém, defendem a existência de uma espiritualidade inclusive em meio ao ateísmo. André Comte-Sponville fala de uma “espiritualidade sem Deus” no sentido de uma abertura para o ilimitado, um reconhecimento de sermos seres relativos, mas abertos para o absoluto. Seria o reconhecimento da dimensão misteriosa e ilimitada da existência, que não precisaria passar por alguma explicação religiosa; uma experiência que vai além do intelecto.

Atualmente, a espiritualidade tem sido bastante estudada no que se refere às suas relações com a saúde humana. A Organização Mundial de Saúde (OMS) vem aprofundando as investigações sobre a espiritualidade enquanto constituinte do conceito multidimensional de saúde; atualmente, o bem-estar espiritual vem sendo considerado mais uma dimensão do estado de saúde, junto às dimensões corporais, psíquicas e sociais.

Outra definição humanista de espiritualidade implica na condição e a natureza de espiritual. Este adjetivo (espiritual) refere-se àquilo que pertence ou que é relativo ao espírito. A noção de espírito, por sua vez, está relacionada com uma entidade não corpórea, à alma racional, à virtude que incentiva o corpo para obrar ou ao dom sobrenatural que Deus concede a certas criaturas.

Secularmente, o conceito de espiritualidade, por conseguinte, pode referir-se ao vínculo entre o ser humano e Deus ou uma divindade. A religião tende a ser o nexo que permite desenvolver esta relação. Posto isto, pode-se dizer que os sacerdotes, os pastores e diversos gurus falam de espiritualidade quando tratam assuntos religiosos.

Não é necessário, de qualquer forma, aderir a uma religião determinada nem seguir uma instituição religiosa (como igrejas, centros espíritas etc.) para desenvolver a espiritualidade. Para este grupo, o vínculo entre o homem e Deus pode ser pessoal e íntimo, sem manifestações externas nem rituais: “Não creio num Deus único e Todo-Poderoso. Apenas baseio a minha espiritualidade, convicto de que existem energias de outras dimensões que influem na Terra”.

Na filosofia, a ideia de espiritualidade entende-se a partir da oposição entre a matéria e o espírito. Pode associar-se a espiritualidade a uma busca do sentido da vida que transcende o mundano.

No entanto, dentro de um contexto único e exclusivamente cristão, Anne Long afirma que a espiritualidade não é um conceito estático, acadêmico, mas um relacionamento vivo e crescente entre nós e Deus. Trata de nossa busca dele por nós, uma busca de um encontro no qual nós, como pessoas, relacionamo-nos com um Deus pessoal com a qual podemos ter assuntos pessoais.

A espiritualidade cristã envolve o homem arrependido e o seu relacionamento com o Criador através do Espírito Santo. É a parte mais interiorizada do homem criada por Deus (nosso espírito) comungando com o Espírito Divino.

1 – A NATUREZA ESPIRITUAL

Só é possível definir a composição divina, segundo a Bíblia relata sobre o assunto e sem dúvida ela é espiritual. Sua natureza, ou seja, sua essência é intimamente espiritual (Jo 4.24).

Ainda que plenamente pessoal, Deus não vive num corpo nem através de um corpo como nós vivemos.

A doutrina da criação, que afirma a distinção entre o Criador e sua criatura, é o ponto de partida da verdadeira religião. Não há existência

sem Deus, e o Criador só pode ser conhecido por meio da revelação contida na Palavra.

Herman Bavinck explica que essa criação é apropriadamente chamada de “ex nihilo”, isto é, “do nada”, preservando, assim, a distinção essencial entre o Criador e o mundo e a contingência do mundo em sua dependência de Deus.

O Deus trino é o autor da criação, e não um intermediário. As obras de Deus são indivisíveis, embora seja apropriado distinguir uma distribuição de tarefas na Divindade, de modo que o Pai é chamado de sua causa primária, o Filho é visto como aquele por meio de quem todas as coisas são criadas e o Espírito Santo como a causa imanente da vida e do movimento no universo pelo que se pode ler a respeito logo no princípio da criação:

Gênesis 1:2
2 E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas. (ARC) 

No relato da criação temos a presença do Espírito Santo. O caos é retratado pela descrição de uma terra sem forma e vazia, e as trevas estava presente sobre a face do abismo. As águas, pelo menos em parte, como se envolvesse uma espécie de grande oceano. Encontramos o Espírito Santo sobre esse mar caótico.

Norman Russell Champlin explica que o Espírito Santo pairava como o grande Pássaro da Criação. Ele diz que o autor sacro se utilizou da metáfora do Espírito como o poder divino que produziu vida dentre a massa aquosa. O Espírito ao pairar sobre a superfície das águas, a impregnava do seu poder, como uma galinha choca os seus ovos, através do calor.

Hermes, Orfeu, os egípcios, os fenícios e os chineses tinham todos, metáforas parecidas no tocante ao começo da vida, e como ela emergiu dentre o caos. Tais expressões, como é natural, são poéticas.

Outro exemplo sobre a manifestação do Espírito Santo no livro de Gênesis está relacionado a grande tragédia da desobediência humana. Os índices de violência e maldade extrapolaram todos os limites e Deus intenciona destruir a sua obra mais sublime da criação – o homem. No entanto, havia uma família em meio ao caos moral instalado e esta seria poupada – Noé e sua família (Gn 6.8).

O Criador cita o Espírito Santo como sendo o Seu próprio Espírito, contrariando o entendimento de alguns exegetas quando afirmam que esse “Espírito” seria do próprio homem.

Gênesis 6:3
3 Então, disse o SENHOR: Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem, porque ele também é carne; porém os seus dias serão cento e vinte anos. (ARC)

Deus utiliza o pronome pessoa “meu” para indicar que o Espírito referido era dEle próprio e não outro.

A discussão mais sensata seria outra. Podemos pensar aqui em duas possibilidades:

  • O Espírito Santo; ou
  • “meu Espírito”, o Ser interior de Deus, de onde emanavam Seus pensamentos e emoções, bem como a Sua faculdade racional. Não há aqui a ideia de conceber um Deus parte material parte imaterial, como essa expressão, se dita por um ser humano, indicaria.

Naturalmente, essas expressões são antropomórficas (aspecto ou aparência semelhante ao da espécie humana).

Concordo com Warren W. Wiersbe quando afirma sobre este texto que o Espírito de Deus lutava para alcançar as pessoas perdidas, mas elas resistiam ao chamado do Senhor, entristecendo-o profundamente com seus atos.

Champlin explica que Sua luta com os homens, para que estes fizessem o que é direito, continuaria através do ministério de Noé. Mas esse ministério fracassaria, já que a mensagem de Noé não seria ouvida por aquela geração e então cessaria em Seus esforços. E sobreviria o juízo divino – grifo meu (Hb 11.7; 1Pe 3.20; 2Pe 2.5).

Note que o Espírito Santo é atuante no ato de fazer do caos e das trevas, algo que receba o bom selo de qualidade oriundo de Deus, mas também é responsável pelo juízo que sobrevém ao homem desobediente.

O Seu Espírito comunica a sua vontade e executa os seus propósitos!

1.1 – O Criador extrapola nossa espiritualidade

Que Deus é Espírito é algo pressuposto em todo o Antigo Testamento e explicitamente afirmado no Novo.

A igreja cristã e a teologia cristã sempre sustentaram a espiritualidade de Deus. O termo é usado para denotar que Deus é uma substância única, distinta do universo, imaterial, imperceptível aos sentidos humanos, sem composição ou extensão. Implicada na espiritualidade de Deus está sua invisibilidade.

A espiritualidade de Deus ainda pode ser compreendida como sendo um de seus atributos comunicáveis – Deus é Espírito. (João 4:24).

Myer Pearl afirma que Deus é Espírito com personalidade; ele pensa, sente e fala; portanto, pode ter comunhão direta com suas criaturas feitas à sua imagem.

Quando comparado ao homem, Deus, sendo Espírito excede a nossa espiritualidade, pois, Ele não está sujeito as limitações às quais estão sujeitos os seres humanos dotados de corpo físico. Ele não possui partes corporais nem está sujeito às paixões; sua pessoa não se compõe de nenhum elemento material, e não está sujeito às

condições de existência natural. Portanto, não pode ser visto com os olhos naturais nem apreendido pelos sentidos naturais. Isto não implica que Deus leve uma existência sombria e irreal, pois Jesus se referiu à “forma” de Deus. (Jo 5:37; Fp 2:6).

Deus é uma Pessoa real, mas de natureza tão infinita que não se pode apreendê-lo plenamente pelo conhecimento humano, nem tampouco satisfatoriamente descrevê-lo em linguagem humana.

“Ninguém jamais viu a Deus”, declara o apóstolo João (Jo 1:18); no entanto, em Êxodo 24:9,10 lemos que Moisés, e certos anciãos, “viram a Deus”. Nisto não há contradição, pois, João quer dizer que nenhum homem jamais viu a Deus como ele é. Mas sabemos que o Espírito pode manifestar-se em forma corpórea (Mt 3:16); portanto, Deus pode manifestar-se duma maneira perceptível ao homem.

Deus também descreve a sua personalidade infinita em linguagem compreensível às mentes finitas; portanto, a Bíblia fala de Deus como ser que tem mãos, braços, olhos e ouvidos, e descreve-o como vendo, sentindo, ouvindo, arrependendo-se, etc. Mas Deus também é insondável e inescrutável. “Porventura… chegarás à perfeição do Todo Poderoso?” (Jo 11:7) — e nossa resposta só pode ser: “não temos com que tirar, e o poço é fundo” (Jo 4:11), usando a expressão da mulher samaritana.

1.2 – A humanidade existe para a comunhão com o Espírito

1 Tessalonicenses 5:23
23 E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. (ARC)

O homem é criado de forma tricotômica, isto é, espírito, alma e corpo (1Ts 5.23), porém há discussões sobre esta composição humana, pois outras vertentes teológicas creem que o homem seja um ser dicotômico onde alma e espírito se complementam e se completam, tornando basicamente uma só composição. No entanto, as duas correntes de interpretação se harmonizam quando compartilham que o homem possui a sua parte material que é o corpo e a outra parte imaterial, intangível que seria alma e espírito.

Tal composição denota que o homem é um ser espiritual em sua natureza. Tal natureza humana não pode ser comparada com a natureza espiritual divina, pois tudo que o homem pode ser em parte, Deus o é em sua plenitude.

Deus colocou no homem o espírito para que através deste possa comungar com Ele. Na verdade, o real significado da existência humana está no fato de reconhecer que fomos criados para nos relacionarmos com Deus. A vida somente terá sentido quando a humanidade entender esta verdade que se inicia nesta vida, mas que se estende até a eternidade.

Essa foi a resposta que dei a uma jovem quando perguntou sobre qual o sentido da vida. A vida somente poderá ser compreendida sob o prisma da eternidade, pois a temporalidade nos obriga a desejarmos aquilo que se pode adquirir somente nesta vida. As coisas materiais e passageiras pereceram, mas as eternas não. Se olharmos para a eternidade encontraremos Deus e Ele nos satisfará em todas as nossas necessidades. Ele nos será suficiente em tudo o que de desgostoso acontece conosco nesta vida tais como: sofrimento, dor, lágrima, perdas, humilhação, desprezo, calúnias, incompreensão e outros não serão considerados e sequer lembrados no porvir.

Se as adversidades fazem o homem desistir, parar ou mesmo desacreditar de tudo, isto irá cessar quando ele passa a contemplar a vida eterna com Deus; tudo começa a fazer sentido e então ela passará a viver para Deus e a desejar estar com Ele para sempre.

É através do espírito que temos a plena consciência de Deus e é através dEle que nos conectamos ao Seu Espírito!

2 – ESPIRITUALIDADE E ADORAÇÃO

Evangelista Cláudio Roberto de Souza

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Postado por ebd-comentada


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