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28/11/2018
Esse post é assinado por Cláudio Roberto de Souza
Salmos 37:27
27 Aparta-te do mal e faze o bem; e terás morada para sempre. (ARC)
Neemias 9:1-4
1 E, no dia vinte e quatro deste mês, se ajuntaram os filhos de Israel com jejum e com pano de saco e traziam terra sobre si.
2 E a geração de Israel se apartou de todos os estranhos, e puseram-se em pé e fizeram confissão dos seus pecados e das iniquidades de seus pais.
3 E, levantando-se no seu posto, leram no livro da Lei do SENHOR, seu Deus, uma quarta parte do dia; e, na outra quarta parte, fizeram confissão; e adoraram o SENHOR, seu Deus.
4 E Jesua, Bani, Cadmiel, Sebanias, Buni, Serebias, Bani e Quenani se puseram em pé no lugar alto dos levitas e clamaram em alta voz ao SENHOR, seu Deus. (ARC)
Paz seja convosco!
O capítulo 9 do livro de Neemias retrata o avivamento ocorrido na nação de Israel após o retorno do cativeiro.
Note que o Senhor pacientemente primeiro trouxe o povo de volta e depois providenciou as reformas no templo, nos muros, nas portas, no relacionamento entre os habitantes e deixou por último, como sendo a cereja do bolo, a promoção do reavivamento espiritual.
É interessante que três das principais “orações nacionais” de Israel foram registradas em Esdras 9, Neemias 9 e Daniel 9. Por trás dessas orações, encontra-se a promessa de 2 Crônicas 7:14, bem como o exemplo de Moisés ao interceder pelo povo (Êx 32 – 33).
Como disse o Dr. Arthur T. Pierson: “Nossa história é a história de Deus”, uma verdade que este capítulo comprova.
A Festa dos Tabernáculos havia terminado, mas o povo ainda ficou na cidade para ouvir mais da Palavra de Deus.
Somente após a exposição da Lei de Deus na Praça de Jerusalém, foi que irrompeu um dos maiores avivamentos da história sagrada. O povo alegrou-se com o Templo construído sob a liderança de Esdras. A nação jubilou com a restauração dos muros sob a administração de Neemias. Mas o avivamento somente veio quando todos ouviram, compreenderam a necessidade de voltar-se para Deus e obedeceram a Sua Palavra.
O agente do avivamento é Deus, o mecanismo utilizado é a Palavra e a atitude humana, é o arrependimento!
Após a festa, o povo se reuniu para observar um dia nacional de confissão, momento em que se apartaram de todos os estranhos que viviam ao redor e se humilharam perante o Senhor.
Essa separação não foi feita de forma displicente ou de maneira fingida, antes se caracterizou externamente de panos de sacos (Ne 9.1), e internamente de uma profunda lamentação devido a um coração já quebrantado pelo reconhecimento do estado lastimoso do pecado (Sl 51.17).
Curiosidade:
O pano de saco ou “cilício” era um tecido grosseiro e resistente feito de pelos de cabra ou de camelo, utilizado para conter cereais, objetos e alimentos em geral. Esse pano de saco era devidamente cortado e vestido como uma roupa por algumas pessoas em algumas ocasiões.
Vejamos algumas ocasiões em que um judeu se vestia de panos de saco:
1 – Quando estavam passando por um período de grande descontentamento (2Sm 3.31);
2 – Quando queriam demonstrar arrependimento por pecados cometidos contra Deus e a Sua Palavra (Lc 10.13);
3 – Quando estavam atravessando um período de grande humilhação (Sl 69.11).
Eles acrescentaram ao gesto exterior, atitudes que vem de dentro – Eles jejuaram, oraram e se dedicaram a ouvir a Palavra de Deus!
O povo absteve-se de comida como uma forma de quebrar a rotina da satisfação automática dos apetites, para voltar-se para Deus.
Hernandes Dias Lopes afirma que para as causas perdidas, devemos buscar a força de Deus pelo jejum, quebrantando-nos, humilhando-nos na presença de Deus.
Jejum é fome de Deus, é saudade de Deus. É alimentarmo-nos da essência do Pão do Céu, em vez do símbolo do pão do céu. O apostolo Paulo diz que devemos comer e beber para a glória de Deus (1Co 10.31). Ora, se comemos para a glória de Deus e jejuamos para a glória de Deus, então qual a diferença entre comer e jejuar? John Piper diz que quando comemos, alimentamo-nos com o símbolo do pão do céu, mas quando jejuamos, alimentamo-nos da própria essência do pão do céu.
O jejum deve fazer parte do cardápio espiritual do cristão e dele devemos nutrir o nosso espírito. Qual foi a última vez que jejuamos para nos quebrantar diante de Deus? Qual foi a última vez que jejuamos por causa dos pecados do povo de Deus?
A oração é também o ingrediente primordial para a operação divina no meio do Seu povo.
É através da oração que reconhecemos a personalidade e o poder de Deus, bem como o seu interesse pelos homens.
Aquele povo entenderam o momento que viviam e criam que o Senhor lhes fizera bem, mesmo tendo eles feito tão mal. A sua oração consistiu em confissão, louvor, lamentação e adoração. A confissão é o caminho para o reavivamento.
Além do jejum e da oração, tudo estava adornado pela Palavra de Deus… Eles leram as Escrituras por três horas; em seguida, fizeram confissão e adoraram por mais três horas.
Quando a Palavra de Deus é lida, explicada e aplicada, então, os corações se derretem (Ne 8.8-10).
Precisamos resgatar a supremacia da Escritura e a primazia da pregação na igreja. O Evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo o que crê. Toda a Escritura é inspirada por Deus. Só há um evangelho. Precisamos expor a Palavra com fidelidade, lágrimas e no poder do Espírito. A proclamação da Palavra produz mudança na vida do povo.
Esses elementos: jejum, oração e Palavra de Deus são altamente eficazes e necessários para que tenhamos uma vida regular, ilibada e piedosa diante de Deus e dos homens e também são determinantes para que a igreja experimente o avivamento oriundo Senhor.
A espiritualidade havia unido os judeus para formar uma comunidade forte, com alvos e sentimentos comuns. A comunidade agia como se fosse um homem que tivesse uma única atitude mental, pelo menos por algum tempo, concentrada na legislação mosaica. Portanto, por algum tempo houve um povo distintivo, conforme se esperava que eles fossem (Dt 4.4-8).
O que os levaram a tão grande união foi o quebrantamento produzido pela explanação da Palavra.
Hernandes explica que o quebrantamento envolve obediência. O povo toma a decisão de deixar todos aqueles que não eram da linhagem de Israel para se consagrar ao Senhor. Aqueles que não haviam se convertido ao judaísmo não participavam dessa reunião. Eles não tinham a mesma fé e o mesmo Deus. Não há comunhão fora da verdade. O problema aqui não e racial, mas teológico (Ne 10.28). Unir-se aos outros povos era transigir com a fé, era aceitar o sincretismo, era uma espécie de ecumenismo.
Deus havia feito uma aliança com Israel e por isso aquela reunião deveria ser apenas de membros israelitas. A transgressão, a confissão, o perdão e o renovo, eram naquele momento uma exclusividade de Israel.
O espírito de comunidade dos filhos de Israel levou-os a ver como eles e seus pais tinham estado unidos no pecado. Por conseguinte, eles fizeram uma confissão nacional!
Por isso temos o registro de outra maratona de leitura da Bíblia, semelhante a que ocorreu em Neemias 8.3, onde vemos Esdras lendo as Escrituras por seis horas!
Norman Russell Champlin diz que a quarta parte de um dia provavelmente indica três horas. Isso posto, o cronista disse-nos que leitores leram por três horas, e então a congregação fez suas confissões durante outras três horas. A adoração (com ações de graças, oferecimento de louvores e talvez cânticos) também fez parte daqueles momentos.
O texto massorético diz “inclinaram-se”, como um ato que acompanhou a confissão de pecados, enquanto a leitura das Escrituras foi feita estando todos de pé, o que era requerido por ocasião da leitura da lei, por respeito (Ne 8.5). É provável que esse “culto de adoração” se tenha demorado das seis da manhã até o meio-dia.
Na maioria das igrejas de hoje, um culto de seis horas – com três horas de pregação e três horas de oração – provavelmente resultaria em algumas cartas de transferência, mas para o povo judeu daquela época, foi o começo de uma nova vida para eles e para sua cidade!
Por Cláudio Roberto de Souza
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