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31/10/2017
Este post é assinado por: Cláudio Roberto
TEXTO ÁUREO
TEXTO DE REFERÊNCIA
INTRODUÇÃO
Nesta lição abordaremos a Doutrina da Salvação (Soteriologia). Para a grande maioria dos teólogos, não é somente uma doutrina fundamental da fé cristã, mas uma das principais.
A doutrina da salvação, se preocupa em estudar o plano salvífico (Ef 1.3-14), da obra de Jesus Cristo (Rm 3.24-26) e da aplicação da salvação ao homem (Ef 2.8-10), de acordo com a Escritura.
O termo ‘salvação’ procede do grego ‘soteria’ e pode ser traduzido por ‘salvação’, ‘libertação’ e‘preservação’.
Em Lucas 1.69,71 – “E nos levantou uma salvação poderosa na casa de Davi, seu servo, como falou pela boca dos seus santos profetas, desde o princípio do mundo, para nos livrar dos nossos inimigos e das mãos de todos os que nos aborrecem” e Hebreus 11.7 – “Pela fé, Noé, divinamente avisado das coisas que ainda não se viam, temeu, e, para salvação da sua família, preparou a arca, pela qual condenou o mundo, e foi feito herdeiro da justiça que é segundo a fé”; o vocábulo é usado com o sentido de ‘livrar’ ou‘preservar de um perigo eminente’.
A palavra equivalente utilizada no Antigo Testamento é ‘yeshûâ’ (o nome de Jesus no grego, procede desse termo hebraico – Mt 1.21), isto é, ‘salvação’, ‘livramento’.
O termo hebraico é usado em Gênesis 49.18 – “A tua salvação espero, ó SENHOR!”, como referência à salvação do Senhor (Dt 32.15; I Sm 12.1) e em Ezequiel 37.23 – “E nunca mais se contaminarão com os seus ídolos, nem com as suas abominações, nem com as suas prevaricações; e os livrarei de todos os lugares de sua residência em que pecaram e os purificarei; assim, eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus.” com o significado de ‘livrar’ dos pecados.
Portanto, salvação, quer no Antigo ou Novo Testamento, significa libertação, livramento ou preservação de um perigo eminente!
Todo o projeto de salvação do homem e execução do mesmo, originou-se em Deus. É Ele o autor e quem assina tal projeto.
Assim como a própria vida é um dom de Deus, a salvação é dom que dá vida espiritual a criação física, isto é, o homem.
Em nenhum momento, Deus esteve pressionado ou sentiu-se na obrigação de resgatar o homem caído (pecado original no Éden – Gn 3), mas de forma voluntária e em um gesto sublime do mais alto grau de amor, Ele decidiu espontaneamente conceder ao homem o Seu favor, mesmo que nenhum de nós merecêssemos – “Mas Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores”. (Rm 5:8).
1 – A NECESSIDADE DE SALVAÇÃO
O bebê que acabou de nascer, mesmo em toda a sua pureza e inocência, desconhece a realidade de que possui em seu “DNA” o pecado herdado de Adão, como já afirmou Davi (Sl 51.5) e o apóstolo Paulo (Rm 5.12).
Todos os homens nascem com o carimbo de PECADOR estampado em sua vida espiritual, logo todos os homens necessitam do perdão que somente Deus pode oferecer. Esse perdão é a dádiva que o Senhor concede ao homem para que se reconcilie com Ele e passe a desfrutar de uma vida livre da condenação do pecado.
1.1 – A salvação foi elaborada desde a eternidade
Certo teólogo chegou a afirmar que o plano da salvação é tão eterno quanto o próprio Deus.
Na ocasião da queda do homem no Jardim do Éden (Gn 3), Deus não foi apanhado de surpresa com a transgressão dos primeiros habitantes da terra. Deus não se achou desconcertado e então teve que rascunhar um plano de emergência, a fim de corrigir o erro humano; de forma alguma! O plano de salvação e resgate da humanidade já estava previsto, programado e antecipado mesmo antes da declaração de Gênesis 1.1 “No princípio criou Deus, os céus e a terra”.
Gibbs afirma que a presciência é o aspecto da onisciência, relacionada com o fato de Deus conhecer todos os eventos e possibilidades futuros. A palavra no Novo Testamento traduzida por presciência (ou: conhecer de antemão) é ‘prognosis’, da qual deriva a palavra prognóstico, em português. Significa ‘saber antes’ (pro = antes; gnosis = saber ou conhecer).
Em outras palavras, o atributo divino denominado presciência, consiste em afirmar que Deus já sabe de todos os acontecimentos futuros antecipadamente. O princípio e o fim de todas as coisas, Deus já as sabe. A história da humanidade e de todo o universo é como um livro escrito por Deus, onde ele sabe o que acontecerá desde o primeiro capítulo até o último, desde a primeira página, até a última, desde a primeira frase, até a última, desde a primeira palavra, até a última. Tudo Ele já sabe (Ef 1.11)!
Para muito estudiosos, a presciência de Deus ainda é muito mais do que saber o que vai acontecer no futuro, e seu uso no N.T. é empregado como na LXX (septuaginta) que inclui Sua escolha efetiva (Rm.8,29; I Pe.1,2; Gl.4,9).
http://www.abiblia.org/ver.php?id=2973
A salvação foi planejada em algum “momento” da Eternidade.
Ela foi planejada:
Jesus Cristo é a manifestação do “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29) e que “foi morto desde a fundação do mundo” (Ap 13:8), isto é, antes de tudo vir a existir, Jesus já era a oferta propiciatória que resgataria o homem perdido, lhe concedendo salvação, redenção e livramento – Aleluia!
1.2 – A salvação é o resgate do perdido
O texto de ouro desta lição realça que “o Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido” (Lc 19.10).
A declaração de Jesus revela pelo menos três grandes verdades:
1. Jesus veio buscar o que se havia perdido: Segundo Strong, no grego a palavra ‘buscar’ é: ‘zeteo’ e significa ‘procurar a fim de encontrar’.
Assim como Deus foi em busca de Adão no Éden na ocasião do primeiro pecado e assim como Deus sempre foi em busca do seu povo Israel a fim de trazê-los para si, Jesus por último, também veio buscar a todos os homens que estão invariavelmente estabelecidos na condição de perdidos;
2. Jesus veio salvar o que se havia perdido: Segundo Strong, no grego a palavra ‘salvar’ é: ‘sozo’, oriunda de uma palavra primária ‘sos’ (contração da forma arcaica ‘saos’, isto é, ‘seguro’); cujo significado é mesmo ‘salvar’ ou ‘manter são e salvo’; ‘resgatar do perigo ou destruição’; ‘poupar alguém de sofrer (de perecer)’; ‘preservar alguém que está em perigo de destruição’; ‘livrar das penalidades do julgamento messiânico’.
Jesus é a resposta de Deus para o problema do pecado e o resgate do ser humano a sua comunhão. Jesus é a ponte de reconciliação entre o homem perdido e o Deus Criador, proporcionando-lhe o livramento da sentença de morte já decretada a todos os que não crerem nesta provisão salvífica (Jo 3.18);
3. O homem está perdido: Segundo Strong, no grego a palavra ‘perdido’ é ‘apollumi‘ e significa:
A triste realidade revelada pela Palavra de Deus é que o homem se encontra fora do caminho estabelecido por Deus (Jo 14.6), e por isso é considerado pelo Senhor como inútil, se encontra em ruínas, prestes a ser destruído; seu destino é ser lançado no lago de fogo e enxofre, chamado inferno e lá ser atormentado eternamente (Ap 21.8).
No Calvário Jesus morreu por todos os homens (sem exceção – Jo 3.16) retratados na triste condição descrita acima – perdidos!
A finalidade de sua morte foi o resgate desta humanidade fracassada em pecados (Ef 2.1-10), a fim de que pudessem através da fé no sacrifício de Jesus (Ef 2.8), ser livres da condenação e libertos do poder do pecado (Rm 6.14) que os sentenciavam a morte (Rm 6.23).
Gibbs afirma que na condição de perdidos, o homem necessita da salvação porque:
Isaías Rosa diz que a benção da salvação fica evidente quando logo após a queda do homem, e depois de julgá-lo, Deus não o executa imediatamente, mas permite que ele continue vivendo e adia a execução da punição pelos seus pecados para o futuro.
É como se Deus abrisse um parêntese na história da humanidade perdida para colocar o seu plano de redenção em execução, sendo que na “plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir (isto é, resgatar com preço – At 20.28; Ap 5.9) os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos” (Gl 4.4-5).
1.3 – A salvação é a união entre o homem e Deus
A Bíblia é enfática ao afirmar a real condição do ser humano – “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3.23) e nesta condição, ele vive a parte de Deus.
Gosto do significado da palavra ‘destituídos’ no texto citado acima, pois ela exprime exatamente que o homem falhou em tornar-se participante da glória de Deus. A falha se deu no Éden e passamos a herdar a corrupção original de Adão – Assim todos falharam desde então!
Quando o homem pecou pela primeira vez, ele perdeu a sua inocência e santidade. A mais pesada consequência deste ato foi a separação entre Deus e o homem (Is 59.2).
A Palavra ainda aprofunda essa situação humana diante de Deus, declarando que nesta condição (de pecado) o homem terá como recompensa a morte (espiritual e pôr fim a morte eterna) – “Porque o salário do pecado é a morte…” (Rm 6.23a).
Contra todo o parecer que desfavorecia ao homem, Deus nos concedeu o seu favor de forma graciosa, expressando ao máximo o Seu grande amor por nós, enviando a Jesus (Jo 3.16).
Se a queda proporcionou a desunião entre o homem e Deus, o sacrifício de Cristo patrocinou novamente esta unidade.
A salvação é baseada no amor e misericórdia divinos revelados em Jesus e por eles, Deus reconstruiu a ponte de ligação que havia sido destruída no Éden por ocasião do pecado. O sangue de Jesus nos reconciliou com Deus (II Co 5.18), nos tornando santos, irrepreensíveis, e inculpáveis diante do Senhor (Cl 1.21.22).
Uma vez unidos novamente em Deus, através de Cristo, o homem deverá necessariamente se submeter aos padrões elevados da salvação, isto é, deverá viver de forma santa e piedosa nesta terra, renunciando os apetites de sua carne ainda sob corrupção e se sujeitando a obra do Espírito Santo em sua vida.
2 – OS PROCESSOS QUE ENVOLVEM A SALVAÇÃO
A salvação abrange alguns aspectos que juntos colaboram para o aperfeiçoamento da obra redentora de Cristo em nós.
A teologia chama de o Processo Prático da Salvação.
Isaías Rosa e Eliezer Lira bem definem afirmando que a salvação não é uma experiência de estagnação, mas dinâmica. No original grego quando se diz ‘estou salvo’, na verdade essa expressão é conjugada em três tempos verbais:
A salvação é uma experiência instantânea, processual e envolve vários elementos práticos que se iniciam na justificação e terminam no ato da glorificação, sendo eles:
Esta lição contemplará a Regeneração, a justificação e a adoção.
Tanto a Regeneração quanto a adoção já foram abordados na lição anterior (Lição 5 – É necessário nascer de novo).
2.1 – A regeneração
A regeneração nada mais é do que a obra sobrenatural e imediata de Deus que concede nova vida ao pecador que recebe a Cristo como Salvador.
A regeneração é também chamada na Escritura de nova vida ou novo nascimento (Jo 3.7).
O homem precisa reconhecer que diante da Palavra de Deus, ele está morto em seus delitos e pecados (Ef 2.1-5) e incapaz de conhecê-lo num relacionamento pessoal (I Co 2.14). Por isso, ele precisa nascer de novo para que desta forma, obtenha a nova vida gerada nele por Deus, e assim possa se tornar cidadão do céu (Jo 3.3).
Desta maneira, isto é, através da regeneração, o homem recriado em Deus, o homem nascido de Deus, passa a ter poder para resistir ao pecado (I Jo 3.9) e assim viver uma vida de retidão diante do Criador (I Jo 2.29).
Isaías Rosa afirma que o milagre da regeneração produz no pecador uma nova vida e uma nova natureza.
A partir do momento que o homem recebe em si mesmo a natureza divina, ele passa a valorizar todas as coisas inspiradas pelo Espírito Santo. O que lhe parecia loucura, agora passa a ter sentido, pois ele recebe a mente de Cristo (I Co 2.16).
Destacamos que essa nova vida não se fundamenta em esforços humanos, mas sim na graciosa dádiva de Deus em gerar novamente o homem de forma sobrenatural e por ação exclusiva do Espírito Santo – “Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito“(Jo 3.5-6).
A regeneração é ainda um milagre invisível que ocorre no homem interior que é recriado pelo Espírito Santo e desta forma resulta numa manifestação visível, exteriorizada e vista por todos como evidência do novo nascimento.
Tais evidências podem ser vistas:
2.2 – A justificação
Etimologicamente, a palavra ‘justificação’ é oriunda do hebraico ‘tsadeq’ e do grego ‘dikaios’, cujo significado pode ser definido como um só: ‘declarar justo pelos méritos de Cristo’.
Teologicamente, a palavra ‘justificação’ é um termo forense, isto é, judicial e traz esta rica conotação: Declarar alguém justo, como se este jamais houvera cometido quaisquer iniquidades. Logo, é mais do que absolvição; é colocar o pecador arrependido no lugar de justo, como alguém que nunca tivesse praticado delito algum! Por isso diz a Escritura:
A palavra ‘lembro’ neste texto é ‘zakar’ e quer dizer:
É maravilhoso saber que uma vez arrependido e confessado o pecado, Deus simplesmente não mais traz em sua mente a nossa falha e se falharmos novamente, é como se estivesse cometendo o pecado pela primeira vez, pois os anteriores, Deus não os mantém em sua lembrança – Aleluia!
Após Adão, o homem passou a carregar em si aquilo que a teologia chama de CULPA UNIVERSAL.
No entanto, o pecador que recebe a Cristo é justificado por Ele, não por seus méritos ou obras de justiça.
A justificação então, é o ato pelo qual Deus declara justo o pecador que violou sua lei divina.
Isaias Rosa diz que diante de Deus, o pecador é um réu condenado pelos seus delitos pecaminosos. Mesmo que ignore as leis morais divinas, não significa que não transgrida contra ela todos os dias. Dessa maneira, nenhum pecador sente paz para entrar na eternidade, pois intimamente ele sabe que possui uma dívida moral com Deus, e não há nada que ele faça que seja capaz de pagar essa dívida (SL 49.6-8).
A justificação é a solução do problema do pecador diante da lei divina violada por ele, pois ela remove especialmente a culpa do homem perante a lei divina e imputa a perfeição de Cristo “na conta celestial do crente”.
O pastor Claudionor de Andrade cita alguns benefícios da justificação:
Nels Lawrence Olson também diz que o grande fato do cristianismo (como é revelado na Escritura) é que Deus perdoa e aceita o pecador que crer em Seu Filho Jesus Cristo.
A doutrina da justificação pela fé é a exposição deste fato, demonstrando ser o cristianismo uma religião baseada na graça e na fé.
Antes da Reforma Protestante, essa doutrina havia sido relegada ao esquecimento quase total. A Igreja Católica Romana havia enchido o mundo com suas doutrinas do mérito das obras como meio de salvação. As penitências e indulgências substituíram a graça de Deus.
Esse é o caminho de Adão e Eva que após a queda tentaram cobrir a nudez com as frágeis folhas de figueira; esforço que simbolizou as tentativas do homem, desde então, a prover a sua própria justificação perante Deus. Esta é a base de todas as falsas religiões.
Ao estudar o livro de Romanos, a mente de Lutero foi iluminada pelo Espírito Santo e este então passou a entender a verdade que “o justo viverá pela fé” (Rm 1.17). Foi esta verdade que o conduziu a Cristo e o fez romper com a tradição da Igreja Católica. Foi a proclamação da justificação pela fé que resultou na Reforma Protestante, ou seja, a bandeira da Reforma Protestante na Alemanha foi a doutrina da justificação pela fé – Sola Fide!
Para todos nós, esse movimento da Reforma foi muito importante, pois devolveu à Igreja a doutrina fundamental da justificação pela fé. Sem ela estaríamos no mesmo erro dos séculos do obscurantismo e em grave perigo de perder as nossas almas.
2.3 – A adoção
Antes de recebermos a Cristo, éramos apenas criaturas, porém agora, somos co-herdeiros de Cristo Jesus com pleno acesso a todas as bênçãos que nEle, reservou-nos o Pai Celeste (Ef 1.13; I Co 3.21). A adoção é por isso, uma das mais belas e confortadoras doutrinas da Bíblia!
Etimologicamente, a palavra ‘adoção’ significa literalmente colocar na posição de filho.
Teologicamente, a palavra ‘adoção’ no Novo Testamento, é o processo legal pelo qual o homem pecador se torna filho de Deus. Por natureza, somos filhos da ira de Deus (Ef 2.3). Ao crer em Cristo, o homem se torna Filho de Deus, irmão de Jesus e co-herdeiro com Cristo (Rm 8.15-17).
O homem afastado de Deus, tem no processo da salvação, a adoção que o aproxima de Deus na intimidade de Pai para filho. Este é certamente um dos resultados de ser filho de Deus – Ter a certeza de uma comunhão estreita e amorosa com Pai celestial.
Os crentes, como filhos de Deus, devem estar sempre seguros da sua linhagem real e das responsabilidades que isso envolve no sentido de permanecerem separados do mundo e do pecado. Por isso João afirmou: “Amados, agora somos filhos de Deus…” (I Jo 3.2a).
O fator que evidencia que somos filhos de Deus é a presença interna do Espírito Santo, dirigindo o crente e testificando em seu ser que ele é realmente filho de Deus, inclusive como filho, somos advertidos, corrigidos e açoitados (Hb 12.5-6)!
Foi Deus, através de Cristo que pela adoção, nos colocou na posição de filhos. É nossa a responsabilidade de vivermos de acordo com este grande privilégio!
3 – VIVENDO COMO SALVOS
Como filhos de Deus, devemos viver como tal… Parecidos com o Pai e o nosso irmão mais velho!
Os verdadeiros cristãos não são deste mundo. O Espírito de Cristo que habita no crente é o oposto do espírito que opera e habita neste mundo. É dever e caráter de cada cristão estarem mortos para este mundo.
O apóstolo João revelou em seu evangelho a oração sacerdotal de Cristo quando este afirmou por duas vezes que seus discípulos “não são deste mundo” (Jo 17.14,16); posteriormente o mesmo apóstolo em sua primeira epístola também afirmou: “Sabemos que somos filhos de Deus (isto é, nascidos de novo) e que o mundo está no maligno” (I Jo 5.19).
Três verdades: Somos filhos de Deus, o mundo está no maligno e não somos deste mundo!
Sabemos que o mundo é mal em todos os seus caminhos; o mundo também odeia e se opõe contra todos aqueles que receberam a Palavra de Deus (Jo 17.14), mas Cristo já venceu o mundo (Jo 16.33).
Uma vez aqui na condição de salvos venceremos também, estando seguros na obra de Jesus Cristo, firmados na Palavra de Deus e revestidos da Sua armadura…
3.1 – Seguros na obra de Jesus Cristo
O sacrifício de Jesus não foi um espetáculo para ser admirado ou mesmo causar emoções àqueles que ouvem o relato do Calvário, mas lá, há pouco mais de 2000 mil anos atrás, foi executado o maior ato de amor que se tem notícia – A morte de um inocente para redimir todos os culpados do mundo!
A obra de Jesus Cristo é sólida, é suficiente, é perfeita, é singular e ecoa na eternidade em benefício daqueles que creem. Não pode ser comparada ou substituída. Os que se escondem atrás da cruz e estão cobertos pelo sangue de Jesus, estão em segurança e tem sua salvação garantida pelos méritos do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1.29).
A eficiência do sangue de Jesus vertido na cruz do calvário produziu um efeito de livramento semelhante ao que o sangue do cordeiro sacrificado na instituição da Páscoa proporcionou ao povo hebreu (Ex 12), isto é, naquele tempo, o povo israelita foi orientando pelo próprio Deus a matar um cordeiro e aspergir o seu sangue nos umbrais das portas de suas casas (Ex 12.7). Esta ação proibiria que o anjo da morte entrasse e matasse o primogênito da família. Desta forma o povo de Deus foi poupado de uma das piores mortandades registradas na Bíblia.
Com a mesma sorte e resultado, todos os que creem no sacrifício vicário de Jesus, que no Calvário derramou o seu sangue, também recebe o livramento da condenação que está reservada para todos os que não creem no Filho de Deus (Jo 3.18). Estes são poupados da morte eterna!
A Lei estabeleceu sacerdotes que de tempos em tempos sacrificavam animais para remir os pecados do povo, porém Jesus Cristo é o sacerdote perpétuo, capaz de salvar em todos os tempos, em todos os casos, a todos que vierem a Deus por intermédio dEle e por um único sacrifício (Hb 9.28a); já feito e concluído em sua totalidade.
Estamos firmados em uma obra cuja redenção produz efeitos na eternidade – “nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção” (Hb 9.12)!
3.2 – Firmados na Palavra de Deus
Em um tempo em que tudo tem se tornado subjetivo e mutável, a Palavra de Deus permanece como uma âncora no revoltado mar desta vida.
Assim a Palavra se confirma pela própria Palavra quando ela mesmo diz que permanece para sempre!
A verdadeira segurança em Deus consiste em viver à luz da Sua Palavra, mesmo que tudo conspire contra, pois todas as palavras que Deus falou e estão registradas na Bíblia são fieis e verdadeiras.
Nosso inimigo sempre está em cena tentando de alguma forma manipular a Palavra de Deus:
O inimigo de nossas almas tem consciência que a Palavra de Deus é esteio e proteção para o cristão, por isso tenta de todas as formas saqueá-la de nossas vidas.
Um dos grandes motivos do desfalecimento de muitos cristãos na fé é o seu mal relacionamento com a Palavra de Deus.
A tratam como um livro qualquer, não leem, não meditam, não estudam, não lhe dão a devida importância, esquecendo ou mesmo por ignorância não sabem que a Palavra é o próprio Cristo! É impossível afirmar que tem intimidade com Deus sem ter intimidade com a Sua Palavra.
O apóstolo João no versículo acima, substitui o nome de Jesus pelo termo PALAVRA, confirmando que Cristo é de fato a Palavra de Deus, o pão vivo que desceu do céu de maneira que todos que comerem deste pão, isto é, se alimentarem da Palavra, viverá para sempre (Jo 6.51)!
O pastor Geziel Gomes nos instrui naquilo que devemos fazer com a Palavra de Deus:
A Palavra ainda exerce importante papel no aperfeiçoamento dos salvos em Jesus Cristo (Fp 1.6).
Deus aconselhou a Josué a meditar na Palavra de dia e de noite para que tudo lhe sucedesse bem (Js 1.8) e o salmista compara aquele que também medita na mesma Palavra com diligência que “será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto na estação própria, e cujas folhas não caem, e tudo quanto fizer prosperará” (Sl 1.2).
A Palavra é segurança e prosperidade na vida do crente, mas também é lâmpada que alumia o caminho quando tudo estiver enegrecido pelas lutas e dificuldades (Sl 119.105).
3.3 – Revestidos da armadura de Deus
A vida cristã é uma batalha. Paulo chegou a comparar a carreira do crente como a de um soldado quando expressou: “Sofre, pois, comigo, as aflições, como bom soldado de Jesus Cristo” (II Tm 2.3).
Todo servo de Deus deve esperar muitas aflições nesta vida e seria prudente acreditar que ela sempre será dramática. Paulo chamou esses dias como “dias maus” (Ef 5.16; Ef 6.13). Para eles devemos estar bem preparados e como bons soldados de Cristo, alistados para esta guerra, devemos estar também perfeitamente equipados para a batalha.
Sobre o texto acima, em primeiro lugar, o território da batalha não é terreno, mas espiritual; em segundo lugar, o nosso inimigo não é mortal, nem perecível, nem fraco.
Satanás, o príncipe deste mundo, luta desesperadamente contra a igreja, inclusive porque sabe que seu tempo está acabando.
O apóstolo Paulo, traz a relação da armadura de Deus que deve revestir o cristão:
1 – Cinto da verdade – “Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade” (Ef 6.14a);
2 – Couraça da justiça – “…e vestida a couraça da justiça,” (Ef 6.14b);
3 – Sandálias da preparação do Evangelho – “e calçados os pés na preparação do evangelho da paz” (Ef 6.15);
4 – O escudo da fé – “tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno” (Ef 6.16);
5 – O capacete da salvação – “Tomai também o capacete da salvação” (Ef 6.17a);
6 – Espada do Espírito – “… e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus,” (Ef 6.17b).
Como nesta lição estamos falando sobre a doutrina da salvação, na relação da armadura de Deus acima, iremos dar ênfase ao capacete da salvação.
Em primeiro lugar devemos destacar que as 5 primeiras armas são defensivas, inclusive o capacete da salvação.
O pastor Geziel Gomes afirma que todos nós estamos travando pesada peleja que se situa numa área espiritual, sobretudo na área da mente, território muito almejado pelo inimigo.
Capacete é a peça da armadura de Deus que protege a cabeça. No grego esta palavra é ‘perikephalaia’.
Pastor Geziel ainda afirma que na cabeça está o controle do corpo e é a parte vital do mesmo. Toda a autoridade que o corpo possui, ele recebe da cabeça. Nela estão situadas as três faculdades da personalidade humana que irão desta para a vida além-túmulo: a razão; a memória e a consciência.
Se tais faculdades não estiverem cobertas com o capacete da salvação, o Diabo lançara seus dados e as profanará, afastando totalmente o homem de Deus.
Se o capacete é a arma para proteção da cabeça, a salvação é o refúgio para a mente. Refúgio contra os falsos ensinamentos, os “outros evangelhos” e contra as doutrinas de demônios.
CONCLUSÃO
A doutrina da salvação não precisa somente ser compreendida, mas necessariamente vivenciada por cada crente em Jesus Cristo.
A salvação é o bem mais precioso que o cristão peregrino nesta terra possui e Satanás que anda ao derredor, busca tomá-la de nós a todo custo. Portanto precisamos estar atentos, vigilantes e apegados em Deus para que possamos chegar ao fim de nossas carreiras, aptos a herdar o céu de glória.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
Bíblia Eletrônica Olive Tree – Versão Revista e Corrigida / Revista e Atualizada / NVI;
Dicionário da língua portuguesa;
Revista EBD – 4º Trimestre 2006 – Lição 9 – Claudionor de Andrade – CPAD;
Dicionário Bíblico Strong – James Strong – Sociedade Bíblica do Brasil;
Doutrina da Salvação – Carl Boyd Gibbs – EETAD;
Teologia Sistemática – Isaías Rosa – IBAD;
Coleção Lições Bíblicas – Vol. 3 – 1971 a 1975 – Nels Lawrence Olson – 2° Trimestre de 1974 – Lições 3 e 9 – CPAD;
Pequena Enciclopédia Temática da Bíblia – Geziel Gomes – CPAD;
Coleção Lições Bíblicas – Vol. 3 – 1971 a 1975 – Geziel Gomes – 4° Trimestre de 1975 – Lição 13 – CPAD;
Site da internet mencionado quando citado no texto;
Todos os direitos de imagens são de seus respectivos proprietários;
Por Cláudio Roberto
Postado por ebd-comentada
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