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28/11/2017
Este post é assinado por: Cláudio R. de Souza
TEXTO ÁUREO
TEXTO DE REFERÊNCIA
INTRODUÇÃO
Santificação é uma sub-doutrina da Soteriologia, isto é, Doutrina da Salvação.
Santificação é parte do processo da obra salvadora de Deus no homem.
Este processo envolve os seguintes aspectos:
Nesta lição abordaremos a Santificação e como ela deve ser um processo contínuo na vida cristã, tendo como suporte a manifestação do poder do Espírito Santo na vida do homem regenerado para servir a Deus, a própria Palavra do Senhor e o sangue de Jesus como agentes ministradores da pureza e das virtudes necessárias para que sejamos santos como Ele é santo (I Pe 1.15-16).
1 – A IMPORTÂNCIA DA SANTIFICAÇÃO
O quanto levamos a sério esta questão – a nossa santificação?
Apesar de que na atualidade, vislumbramos muitas igrejas e púlpitos desprezarem a santidade utilizando conceitos humanos, carnais e até filosóficos para justificarem o seu modo de vida mundano, a Bíblia, a verdade que contém a Palavra final sobre o tema que se propõe abordar, coloca a santidade em um patamar tão elevado e tão importante para a vida do homem que sem ela (a santidade) nenhum homem poderá ver ao Senhor (Hb 12.14).
Logo, a santidade não é uma mera alegoria descrita na Bíblia, mas veremos que se trata de uma regra de vida essencial para todos aqueles que um dia desejam morar com o Senhor no céu!
1.1 – Santidade, um dos atributos de Deus
A santidade é um dos atributos de Deus e isto implica em afirmar que DEUS É SANTO (Ex 15.11; Lv 11.44,45; 20.26; Js 24.19; l Sm 2.2; Sl. 5.4; 111.9; 145.17; Is 6.3; 43.14,15; Jr 23.9; Lc 1.49; Tg 1.13; I Pe 1.15,16; Ap 4.8; 15.3-4).
Myer Pearlman assim diz sobre o assunto: a santidade de Deus significa a sua absoluta pureza moral; ele não pode pecar nem tolerar o pecado. O sentido original da palavra ‘santo’ é ‘separado’. Em que sentido está Deus separado?
Ele está separado do homem no espaço — ele está no céu, o homem na terra;
Ele está separado do homem quanto à natureza e caráter — ele é perfeito, o homem é imperfeito; ele é divino, o homem é humano; ele é moralmente perfeito, o homem é pecaminoso.
Vemos, então, que a santidade é o atributo que mantém a distinção entre Deus e a criatura. Não denota apenas um atributo de Deus, mas a própria natureza divina.
Portanto, quando Deus se revela a si mesmo de modo a impressionar o homem com a sua Divindade, diz-se que ele se santificou (Ez 36.23; 38.23), isto é, “revela-se a si mesmo como o Santo”.
Quando os serafins descrevem o resplendor divino que emana daquele que está sentado sobre o trono, exclamam: “Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos” (Is 6.3). Os seres celestiais declaram a Sua glória!
Diz-se que os homens santificam a Deus quando o honram e o reverenciam como Divino. (Nm 20.12; Lv 10.3; Is 8.13). Quando o desonram, pela violação de seus mandamentos, se diz que “profanam” seu nome — que é o contrário de santificar seu nome. (Mt 6.9).
Deus é santo em sua essência e desta forma, para Ele, pecar é uma impossibilidade; comungar com o pecado é impraticável e consentir é impensável.
Essa verdade se revelou no passado em sua relação com o homem, por exemplo:
O seu povo no passado (antiga aliança), foram convocados a santidade porque Ele é santo (Lv 11.44), tal convocação ecoou até os dias da nova aliança e assim, a igreja também é convocada a ser santa, porque o Deus que não muda e nEle não há sombras de variação permanece santo (Tg 1.17), assim como aqueles que se chamam seu povo, isto é, a igreja, deve também ser santa (I Pe 1.15-16) para que a comunhão com o seu Senhor possa de fato ser estabelecida.
A santidade é um produto da graça de Deus. Ele santificou o seu povo no passado e Ele santifica o seu povo no presente!
As Suas obras, dignificam e exaltam a sua Santidade para que o homem perceba que o seu Criador é santo em sua própria natureza e que ser santo é uma exigência para que com Ele tenhamos comunhão!
1.2 – Santificação: sentidos e significados
Strong dá-nos importantes significados da palavra ‘santificação’ no hebraico:
‘qadash’
1) consagrar, santificar, preparar, dedicar, ser consagrado, ser santo, ser santificado, ser separado
1a) (Qal)
1a1) ser colocado à parte, ser consagrado
1a2) ser santificado
1a3) consagrado, proibido
1b) (Nifal)
1b1) apresentar-se sagrado ou majestoso
1b2) ser honrado, ser tratado como sagrado
1b3) ser santo
1c) (Piel)
1c1) separar como sagrado, consagrar, dedicar
1c2) observar como santo, manter sagrado
1c3) honrar como sagrado, santificar
1c4) consagrar
1d) (Pual)
1d1) ser consagrado
1d2) consagrado, dedicado
1e) (Hifil)
1e1) separar, devotar, consagrar
1e2) considerar ou tratar como sagrado ou santo
1e3) consagrar
1f) (Hitpael)
1f1) manter alguém à parte ou separado
1f2) santificar-se (referindo-se a Deus)
1f3) ser visto como santo
1f4) consagrar-se
‘qodesh’
1) separado, santidade, sacralidade, posto à parte
1a) separado, santidade, sacralidade
1a1) referindo-se a Deus
1a2) referindo-se a lugares
1a3) referindo-se a coisas
1b) algo à parte, separado
‘Qadesh’ o mesmo que ‘Cades’ = ‘santo’
No grego, encontramos as seguintes palavras e seus significados para o termo ‘santificação’:
‘hagiasmos’
1) consagração, purificação
2) o efeito da consagração
2a) santificação de coração e vida
‘hagion’
1) reverendo, digno de veneração
1a) de coisas que por causa de alguma conecção com Deus possuem uma certa distinção e exigem reverência, como lugares consagrados a Deus que não devem ser profanados
1b) de pessoas de quem Deus usa seus serviços, por exemplo, apóstolos
2) separado para Deus; ser como era, exclusivamente seu
3) serviços e ofertas
3a) preparado para Deus como rito solene, puro e santo
4) num sentido moral, puro, sem pecado, justo e santo
‘hagios’ de ‘hagos’ (uma coisa grande, sublime)
1) algo muito santo; um santo
‘hagiotes’
1) santidade
2) num sentido moral: santidade, piedade
‘hagiosune’
1) majestade, santidade
2) pureza moral
Em suma, santificar é tornar sagrado, separar, dedicar, consagrar. A santidade divina (Sl 71.22) exige um homem santo (Is 6.3). Como poderia um Deus santo ter um povo diferente dEle?
Desde o Antigo Testamento aprendemos lições preciosas acerca da santificação. Quando o Senhor instituiu o sacerdócio, falou a Moisés acerca da importância da separação para o exercício do ministério sacerdotal:
Já na Nova Aliança, isto é, o Novo Testamento, a igreja, as pessoas nascidas de novo são santificadas pela Palavra de Deus (Jo 17.17), pelo sangue de Jesus (I Pe 1.2) e pela ação transformadora e sempre atuante do Espírito Santo (II Co 3.18).
É lamentável que há muitos cristãos de boa índole que ainda são seduzidos pelos objetos “consagrados”, “ungidos” e que mediante ritos, “recebem” uma áurea espiritual e mística, fazendo acreditarem que possuem “poder” em si mesmos para a realização de algo sobrenatural, atrair bênçãos materiais, curar enfermidades e tantas outras coisas.
Fantasias criadas por líderes inescrupulosos, amantes de si mesmos, avarentos e gananciosos; mercadores e exploradores da fé alheia. A estes está reservado um lugar indesejável!
1.3 – Santificação: chamado e vontade de Deus
A santificação do crente não significa perfeição moral. Talvez por isso muitos se escondem atrás desta realidade para viverem uma vida aquém daquela exigida pela Palavra de Deus.
São pessoas conformadas com um padrão de vida abaixo daquele que o Senhor ordenou que vivêssemos. São aqueles que não atendem a convocação divina à santidade.
A expressão utilizada por Paulo é ‘mandamento’ que no grego é ‘paraggelia’ e significa: uma notificação, uma proclamação ou anúncio de uma mensagem a ordem, um comando!
A santificação na verdade é mais que um chamamento, é uma ordem, uma intimação nos moldes jurídicos, onde aqueles que não atenderem ou não comparecerem para tal, estão em estado de desobediência perante Deus que a ordenou.
Paulo chama a atenção dos fiéis, enfatizando que os mandamentos entregues em Tessalônica lhes foram dados diretamente pelo Senhor Jesus. Não se tratava de instruções comuns de um pastor a seus discípulos, ou de um professor a seus alunos. Todavia eram mandamentos do próprio Deus.
“Pelo Senhor Jesus”, expressa a autoridade que originou a ordem, logo ser santo, não é uma opção para o cristão, mas uma obrigação.
É Deus quem revela a sua vontade aqui. Tudo que é contrário a pureza do coração, da fala, e do comportamento é contrário ao mandamento de Deus à santidade que o evangelho requer.
Ser santo não é um sonho inalcançável ou uma fantasia que não pode ser vivida. Ser santo é uma realidade acessível e perfeitamente possível para o servo de Deus.
Fomos nomeados por Deus para um viver separado, consagrado e dedicado para Ele. Os moldes de nossa santificação estão em Deus e não em manual de bons comportamentos éticos sociais.
O mundo, por ter um padrão de vida sem rédeas e por estar dominado pelas práticas éticas e moralmente condenáveis, julgam que ser santo é uma ficção, uma irrealidade.
Desconhecem que o sangue de Jesus nos purifica de todo o pecado – “… e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado” (I Jo 1.7).
Purificar aqui é ‘katharizo’ e quer dizer: ‘tornar limpo’, ‘limpar de mancha física e sujeira’, ‘limpar num sentido moral’, ‘livrar da contaminação do pecado e das culpas’, ‘purificar de iniquidade’, ‘livrar da culpa de pecado’, ‘purificar’, ‘anunciar que está limpo num sentido levítico’!
O sangue de Jesus nos declara limpos novamente (sem as manchas do pecado) e nos garante o prosseguimento de nossa jornada na condição de santos, isto é, santificados por Deus através do sangue de Jesus!
A ignorância quanto ao poder do sangue de Jesus em purificar o homem do pecado leva o homem natural a criar métodos de santificação incomuns a Escritura, tanto que para eles, aqueles considerados “santos” sempre estão mortos, ou seja, não se pode ser santo estando em vida, pois as obras do pecado não permitiriam.
Por exemplo, Frei Galvão, suas obras de piedade em vida, o fizeram merecer o título de santo, porém como as obras de piedade concorriam com o pecado, tal título só pôde ser concedido após a sua morte.
Para eles as obras, ou seja, o comportamento piedoso e casto lhes assegura o rótulo de santos, contrariando o que Paulo afirmou em Colossenses 2.20-23, pois tais atitudes mesmo que aparentam ser nobres e de digna devoção de humildade “não são de valor algum senão para a satisfação da carne”.
Aliás segundo o vaticano, a igreja do mundo todo recebeu em 2017, trinta e cinco novos santos, dos quais trinta são brasileiros (http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2017-10/brasil-tem-30-novos-santos-papa-canoniza-martires-de-cunhau-e-uruacu).
É isso mesmo que ouviu, enquanto a igreja católica santifica 35 santos por ano (isso é um recorde), Jesus Cristo através do seu sangue tem salvado milhares ao redor do mundo em um único dia (At 2.41; 4.4)! Aleluia!
A título de curiosidade, vejamos como é o processo de santificação realizado pelo vaticano:
Primeiramente o homem ou a mulher que viveram a serviço do Senhor e tiveram suas vidas comprovadamente dedicadas a Deus recebe o primeiro título rumo a sua canonização, isto é, a sua jornada para a santificação. Vale ressaltar que a pessoa nunca é considerada em nenhum dos níveis abaixo em vida!
Estágios da canonização:
Acredite, o Brasil com mais de duzentos milhões de habitantes vivos e que possui 500 anos de história, possui 34 santos!
Outrossim, é a palavra que norteia a nossa santificação segundo Deus e é nela que encontramos os subsídios necessários para a nossa santificação:
Deixei para inserir aqui um outro termo da palavra ‘santificação’. O texto acima fala: “santifica-os” que no grego é ‘hagiazo’, cujo significado é:
1) entregar ou reconhecer, ou ser respeitado ou santificado
2) separar das coisas profanas e dedicar a Deus
2a) consagrar coisas a Deus
2b) dedicar pessoas a Deus
3) purificar
3a) limpar externamente
3b) purificar por meio de expiação: livrar da culpa do pecado
3c) purificar internamente pela renovação da alma
A oração sacerdotal de Jesus foi um pedido para que a obra da santificação se confirmasse na vida dos seus seguidores.
É a oração de Cristo por todos que são dEle para que sejam santificados pelas verdades contidas em Sua Palavra, pois ela quem revela o plano Salvador, e assim como é Deus quem justifica o homem (II Co 5.5), é também Deus quem o santifica!
2 – O CAMINHO DA SANTIFICAÇÃO
A santificação é um processo gradual e continuo da salvação e que conduz o servo do Senhor ao aperfeiçoamento do seu caráter e da sua vida espiritual, tornando-o participante da Sua natureza divina. (II Pe 1.4; II Ts 2.13; Rm 6.19,22; II Co 7.1; 3.18).
O homem possui uma parcela de contribuição no processo de sua santificação, isto é, a santificação também é responsabilidade humana, porém Deus nos deixou recursos abundantes para que possamos alcançá-la com aprovação.
Santificação é uma jornada por um caminho que exigirá esforço e dedicação, mas temos ao nosso lado e em nosso interior a presença de Deus nos auxiliando e nos condicionando a atingir este objetivo tão sublime!
O profeta Isaías enfatizou sobre o Caminho Santo ao dizer:
2.1 – Não confundir com legalismo
A santificação proposta por Deus se dá no interior do homem e exterioriza nas boas ações, na conduta ilibada e no abono do cidadão em meio a sociedade.
Ao contrário do exposto acima, muitos se detêm em comportamento aparente que se resume em uma casca de “santidade” que ao ser quebrada revela a podridão que está dentro.
Os fariseus foram chamados por Cristo de sepulcros caiados, por transparecerem exteriormente uma vida piedosa e assim parecerem formosos, mas que o interior estava deteriorado e cheio de ossos de mortos e imundícias (Mt 23.27).
A santidade nestes moldes se apoia em condutas moralmente éticas para justificar quão santos são. A origem de sua santidade está em suas obras reveladas em uma aparente vida piedosa, exteriorizada nos trajes, num linguajar polido e refreado, na maneira de conduzir a sua vida, executando gestos de nobreza, mas que não são credenciais para atestarem a existência da santidade ou não.
A santidade bíblica é produzida no homem por Deus, através da sua Palavra e do Seu Espírito Santo, além do sangue de Jesus!
O grande problema é pensar ou avaliar que uma conduta irretocável pode produzir santidade naquele que assim se comporta, quando na verdade é a santidade que produz um comportamento imaculado e integro diante de todos.
Infelizmente há muito engano em nosso meio quanto a este assunto. Não poucos são enganados pelo comportamento aparentemente piedoso de muitos que se passam por ovelhas.
Paulo quando aborda o tema com Timóteo, traça o perfil de muitos cristãos dos últimos dias. Ele está falando de pessoas que pertencem a igreja, que se parecem com cristãos, se vestem, falam, comportam e agem como tal, no entanto são “amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus” (II Tm 3.2-4) e conclui dizendo que os tais exercem um cristianismo de aparência, um cristianismo fingindo, superficial, enganoso e que não se mantém a luz das Escrituras.
Qualquer semelhança que tenha contemplado no meio evangélico, não é mera coincidência, mas sinal dos últimos dias. O conselho apostólico é: “destes, afasta-te” (II Tm 3.5b).
A santidade processada por Deus é de dentro para fora – “Jesus respondeu e disse-lhe: Qualquer que beber desta água tornará a ter sede, mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna” (Jo 4.13-14).
Esta água é produzida no interior e jorra de dentro para fora!
2.2 – Não confundir com manifestações espirituais
Um dos credos da Assembleia de Deus é crer na atualidade da manifestação dos dons espirituais.
Da mesma forma e com a mesma intensidade, os dons são manifestos hoje, assim como o foram nos dias dos apóstolos.
Os dons espirituais manifestos na vida do indivíduo não chancela a sua santidade. Muitos equivocadamente associam dons espirituais com santidade – um grande erro!
Conheço obreiros que são fanáticos por pessoas que comprovadamente estão em pecado, mas que no exercício do ministério, “milagres” acontecem através deles.
Vinculam as tais manifestações miraculosas a vida de santidade da pessoa, quando na realidade uma coisa (manifestação dos dons) não tem nada a ver com outra (santidade).
Bom é saber que o próprio Jesus abordou esta questão de maneira muito clara. Em versículos anteriores (Mt 7.15-20), Jesus menciona os falsos profetas que se misturam em meio ao rebanho e se fazem parecer como ovelhas, mas se revelam como lobos que estão a devorar dentro do aprisco. Outrossim, ainda os comparou a árvores e também seus frutos sendo bons e maus, orientando-nos que pelos tais frutos seriam conhecidos.
Matthew Henry afirma que nem sempre é possível distinguir uma árvore pelo casco e pelas folhas, nem pelo prolongamento dos ramos, mas o fruto é gerado de acordo com a árvore. Ao se distinguir que tipo de fruto é, pode-se distinguir o tipo de árvore. Se quisermos saber se os frutos são bons ou não, basta observarmos como vivem. Suas obras testificaram em favor deles ou contra eles.
Clamar dizendo: “Senhor, Senhor”, não é e nunca será suficiente para evidenciar um verdadeiro servo de Deus. Proclamação em palavras e em linguagem ao próprio Cristo como nosso Mestre, discursos e declarações a Ele; tudo pode soar lindo e maravilhoso, mas as profissões de fé ou as manifestações dos dons espirituais, embora sejam notáveis, não nos levarão ao céu, a menos que haja uma correspondente conversão do coração, pois ela o conduzirá também a uma vida de santificação.
No dia do julgamento dos ímpios (O Grande Trono Branco – Ap 20.11 – Branco porque fala da natureza santa de Deus em contraste com as manchas da pecaminosidade humana e ali os homens sentirão vergonha de suas vestes imundas), cada homem mostrará o seu próprio caráter, quando os segredos de todos os corações serão manifestos. Muitos que aqui tenham sido grandes pregadores, outros usados tremendamente nos dons espirituais, pessoas que foram “eclesiasticamente” falando bem-sucedidas, mas que ainda assim, o seu interior revelou-se a impiedade, se acharão assentados no banco dos réus apenas para ouvir a sentença “…. Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade” (Mt 7.23). Eles hoje, através dos seus dons e talentos, podem até ajudar muitos à chegarem ao céu, mas ainda assim, por causa da sua iniquidade, não o alcançará.
Matthew Henry afirma que a graça de Deus por meio da santificação levará um homem ao céu sem que ele realize um único milagre, porém realizar diversos milagres nunca levará um homem ao céu!
2.3 – O caminho do estar e andar
Enquanto a justificação é um ato que ocorre instantaneamente, a santificação leva toda uma vida para se completar.
O propósito divino é fazer de seu povo algo especial, separados para o seu serviço. (Tt 2.14), para isso Deus nos aperfeiçoa a cada dia (HB 13.20-21). Entretanto, precisamos fazer a nossa parte, andando no Espírito (Gl 5.25).
Pastor Elinaldo Renovato afirma que o progresso da vida cristã depende fundamentalmente da observância dos preceitos e mandamentos de Deus encontrados em sua Palavra. A figura do “andar” é bem usada na Bíblia, denotando a conduta pessoal, o modo de viver, das atitudes, as ações, as obras e o comportamento em geral, conforme podemos ler em:
Carl Boyd Gibbs afirma que uma vez salvo, o crente tem oportunidades para glorificar a Deus diariamente, ao escolher seguir a direção do Espírito, ao invés de submeter-se às exigências maléficas da velha natureza pecaminosa. Por esta razão Paulo lembra o crente da sua responsabilidade. Sua mente deve estar disposta a obedecer ao Espírito. Quanto mais ele submete ao querer do Espírito Santo, mais experiente ele se toma quanto a encarar espiritualmente as situações da vida. Este estado do crente ter uma mente decidida a obedecer ao Espírito é chamado “andar no Espírito”.
Paulo ilustra o relacionamento entre o crente e a velha natureza pecaminosa, usando a figura de um escravo moribundo. Uma vez morto, o escravo já não está obrigado a servir a seu antigo senhor. Destarte, o crente deve considerar-se morto para o pecado (seu antigo senhor), mas vivo para Deus: “Se, porém, Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito é vida, por causa da justiça” (Rm 8.10).
Quando o antigo senhor (a natureza pecaminosa) quer constranger o crente a prestar-lhe um “serviço”, o crente pode dizer com confiança: “não posso fazer tal coisa, pois estou morto. Não sou obrigado a servi-lo!” O crente, que agora tem um novo Senhor (Cristo), deve esforçar-se para servir a este novo Senhor com toda fidelidade e constância. Assim fazendo, ele não terá tempo, nem interesse de voltar a servir à velha natureza (Rm 8.12).
Estamos em Cristo quando a nossa vida está completamente subjugada a sua vontade. Quando a velha natureza falece e a nova vida ressurgi. Quando a vida em Cristo prevalece sobre o velho homem!
Deste modo, como a velha natureza, mesmo mortificada, ainda está presente, a santificação diária na vida do crente garante o triunfo pelo Espírito Santo!
3 – ABRANGÊNCIA E APLICAÇÃO
O que devemos incluir em nossa santificação cotidiana? Isto é, quais as áreas da vida que o homem deve preocupar-se em santificar? Mais uma vez é a Bíblia quem esclarece.
E como empregar a santificação em cada área proposta pela Palavra de Deus? É o que veremos…
3.1 – A abrangência da santificação
A Palavra nos salienta que o homem é um ser triúno, sendo formado de espírito, alma e corpo. Gosto de denominar de tricotomia da composição humana.
O pastor Lupércio Vergniano afirma que o espírito dá ao homem um conhecimento sobre o mundo sobrenatural e diz respeito à sua religiosidade.
A alma fala da sua percepção sobre o mundo terreno, através dos sentimentos, da vontade e do intelecto.
O corpo lhe foi dado a fim de que pudesse entrar em contato com o mundo material onde vive.
A santificação abrange os três elementos da composição humana, isto é, o seu espírito, alma e corpo!
Sobre o texto “vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”, Champlin relata que a tradução inglesa de Williams (aqui vertida para o português) apresenta a seguinte tradução: “Que sejais seguramente guardados, em espírito, alma e corpo, para que sejais inculpáveis quando nosso Senhor Jesus Cristo retornar”. É como se Paulo houvesse escrito: “Que toda a vossa personalidade, em suas várias porções, e consideradas como um todo, seja conservada sã e inculpável, para que possais acolher ao Senhor Jesus Cristo, em sua vinda, conforme deve ser recebido, isto é, em santidade, em pureza, em perfeição e saúde espirituais”. Paulo pensava sobre a “preservação espiritual”, e não meramente sobre a “preservação física”, pois não quis dar a entender meramente que queria que os crentes fossem conservados em vida física até ao dia da volta de Cristo. Pelo contrário, os crentes devem interessar-se principalmente na “santificação”, para que possam receber a Cristo estando “preparados” e inculpáveis.
O Deus que proporcionou a nossa paz consigo mesmo, reconciliando-nos através de Cristo (II Co 5.18; Cl 1.20) é o patrono que garante os meios da nossa santificação!
Pormenorizando, a santificação do nosso espírito, refere-se à pureza de nossas relações com Deus, no sentido de Sua espiritualidade e moralidade. Cristo nos ensinou que até a nossa adoração deve se dar no nível desta espiritualidade porque “Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade” (Jo 4.24), isto é, em verdade e com sinceridade. É no espírito santificado que se desenvolve o mistério da fé (At 26.18).
Pastor Lupércio ainda afirma que a santificação da alma se refere ao que surge em nossa mente (no pensamento que concebe, e no entendimento que discerne) age no sentido (alegria, tristeza, amor e ira), chegando até a vontade que tudo executa por meio do corpo. A nossa mente é uma espécie de filtro, através do qual projetamos a nossa personalidade ao nosso espírito em nossas relações com Deus e ao nosso corpo, em nossas relações com o mundo material. Por isso, o cristão santificado não só busca valores que edificam e enriquecem a sua vida espiritual, como rejeita tudo o que é impuro e que compromete a sua santificação. Ele procura ver, ler, ouvir e sentir coisas que ajudam a viver em santificação (Jr 15.19).
Abrimos uns parênteses aqui para tratarmos sobre uma das mais terríveis batalhas cristãs que se desenvolve no terreno da mente.
Carl Boyd Gibbs considera três razões porque a batalha para o crente libertar-se de pensamentos impróprios é tão importante para o seu bem-estar espiritual.
Por isso pensamentos dominados são pensamentos obedientes.
O ataque a ser feito contra maus pensamentos deve ser tríplice:
A santificação do corpo, inclui a abstinência total de todas as formas de imoralidade e mundanismo, tais como: pecados de ordem sexuais, embriaguez, desonestidade e todas as outras coisas que visam o prazer e a satisfação da carne.
Tais práticas necessariamente devem ser abandonadas (Cl 3.5-10), pois a Palavra de Deus enfatiza que aqueles que vivem em pecado não herdarão o Reino dos céus (Gl 5.19-20; I Co 6.9-11; Ap 21.8) – Os frutos da carne concorrem contra a santidade do corpo!
Antes da regeneração, o homem vive na satisfação da sua própria concupiscência e desejos do seu coração controlado pelo poder do pecado, mas após a conversão, o Espírito do Senhor passa a habitar nele e desta forma, passa a lutar contra esses apetites desastrosos para uma vida santa. O fruto da carne dá lugar ao fruto do espírito (Gl 5.22) que são as qualidades e atributos achados em Cristo, o Santo por excelência e por essência (Gl 5.16; 8.13,14).
A santificação do nosso espírito, alma e corpo é também uma advertência expressada por Pedro quando afirmou as mesmas palavras de Deus a geração de Moisés: “mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver, porquanto escrito está: Sede santos, porque eu sou santo” (I Pe 1.15-16; Lv 11.44).
“… toda a vossa maneira de viver…” contempla as três composições pelas quais Deus fez o homem (espírito, alma e corpo). A totalidade da vida cristã deverá estar condicionada aos padrões de santidade determinados pela Palavra de Deus.
3.2 – Meios da santificação
Vimos que a santificação é uma imposição da Palavra de Deus – “Sede santos” (I Pe 1.16).
Deus não apenas exige a santificação do seu povo, mas também concede meios para atingi-la.
O Bispo Abner demonstra a participação da trindade no processo de santificação do cristão:
Os meios de santificação revelados pela Palavra de Deus são: A própria Palavra, o Espírito Santo e o sangue de Jesus.
A Palavra de Deus como agente de santificação do crente: O cristão é apresentado como sendo gerado pela Palavra de Deus (I Pe 1.23). Deus nos lava e nos purifica, produzindo em nós, a santificação pela palavra.
A Palavra de Deus é água limpa (Jo 15.3) e a verdade que santifica (Jo 17.17). Ler a Palavra de Deus e meditar, aplicando o coração para observá-la e segui-la, é viver uma vida de santificação.
O Pastor Reginaldo Xavier acrescenta que o poder santificador da Palavra de Deus é inquestionável como se revela em João 15.3 – “Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado”. Jesus em sua oração sacerdotal, pediu ao Pai que santificasse seus filhos em sua palavra (Jo 17.7). O salmista escreveu: “Escondi a tua palavra em meu coração…” (Sl 119.11).
Quando guardamos a Palavra de Deus em nosso coração, criamos um obstáculo contra o pecado e nos mantemos santos!
O Espírito Santo como agente de santificação do crente: A promessa do Senhor Jesus aos seus servos é que seriam cheios do Espírito Santo (Lc 24.49). O Espírito Santo é o poderoso Espírito de santificação (Rm 1.4), usado na santificação do crente. Por este motivo, a vida do crente está intimamente relacionada com o Espírito Santo e com Cristo (Jo 15.1-5).
O Espírito Santo é o agente santificador que orienta o cristão em um viver puro, concretizando assim uma realização divina, que requer a cooperação humana (Jo 16.8; Hb 6.9; Hb 3.7-10).
O Espírito Santo é o poder divino comunicado aos crentes e que neles reside, de sorte que já não vivem mais na carne, mas no espírito (Rm 8.4).
O sangue de Jesus como agente de santificação do crente: No item 1.3 deste estudo, falamos sobre a eficácia do sangue de Jesus na obra de nossa santificação, mas ressalto aqui que a santificação é o resultado da obra redentora do Filho de Deus, ao dar a sua vida no Calvário para aniquilar o pecado, resultando assim na transformação do pecador impuro, em um santo adorador (Hb 13.12). Seu sangue nos dá livre acesso à presença divina (Hb 10.19), trazendo às nossas vidas seu poder santificador: “Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo…” (I Pe 1.2).
Separado por Deus e com uma consciência purificada, o cristão está unido em uma plena comunhão com o seu Senhor (Hb 2.11).
A santificação é adquirida em virtude da nova posição espiritual que nos encontramos. Agora estamos em Cristo!
Bem como é progressiva, isto é, ela segue logo após a conversão (I Ts 4.7-8). Podemos crescer em santificação buscando o poder de Deus em oração, deixando o Espírito Santo operar em nós, aplicando o seu poder santificador em nosso ser (Rm 1.4).
3.3 – A participação do discípulo
Uma vez regenerados por Cristo, passamos a experimentar a santificação que é progressiva e nos aperfeiçoa sempre que fazemos uso dos meios deixados por Deus para o nosso crescimento espiritual.
Lembre-se que estamos em Cristo e nEle somos santificados!
Precisamos ter muito cuidado quanto a nossa santidade, pois é fácil fingir uma vida em Cristo.
O cristão tem compromisso no desenvolvimento da sua santificação. Deus estabeleceu os meios, mas ao homem compete buscar caminhar por eles. O cristão deve procurar crescer em estatura moral e espiritual perante Deus: “Até que todos cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo” (Ef 4.13).
O discípulo de Jesus deve possuir ânimos redobrados e espírito pronto para exercer a disciplina necessária, a fim de: seguir pelo “Caminho Santo” (Is 35.8); andar em espírito (Rm 8.1); encher-se do Espírito (Ef 5.18); apegar-se a Palavra (Cl 3.16; Sl 119.9, 11); buscar o seu aperfeiçoamento em Deus (II Co 7.1); manter uma vida de oração (I Ts 5.17); seguir a paz e a santificação (Hb 12.14) e tantas outras práticas saudáveis da vida cristã.
Para tanto, o servo de Deus deve manter-se sempre em vigilância para que a sua vida esteja sempre direcionada para Deus, suas prioridades seja as prioridades de Deus e que tudo que façamos seja para a Glória de Deus.
CONCLUSÃO
Em tempos trabalhosos, onde a santidade está fora de moda entre os irmãos, ser santo tornou-se um desafio.
No entanto, urge bradar que a santidade é fundamental para a vida cristã e buscá-la com afinco é o nosso dever, pois sem ela seremos impedidos de subir até a presença de Deus (Hb 12.14).
O propósito da santificação é que o crente seja progressivamente transformado numa reprodução cada vez mais exata da imagem de Cristo (Rm 8.29).
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
Bíblia Eletrônica Olive Tree – Versão Revista e Corrigida / Revista e Atualizada / NVI;
Dicionário da língua portuguesa;
Conhecendo as Doutrinas da Bíblia – Myer Pearlman – Editora Vida;
Dicionário Bíblico Strong – James Strong – Sociedade Bíblica do Brasil;
Bíblia de Estudo Matthew Henry – Versão Revista e Corrigida – Central Gospel;
Doutrina da Salvação – Carl Boyd Gibbs – EETAD;
Revista EBD – 3º Trimestre 2005 – Lição 6 – Elinaldo Renovato – CPAD;
Revista EBD – 1º Trimestre 2003 – Lição 12 – Lupércio Vergniano – CPAD;
Comentário NT – I Tessalonicenses – Norman Champlin – Editora Hagnos;
Site da internet mencionado quando citado no texto;
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Por Cláudio Roberto
Postado por ebd-comentada
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