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30/03/2017
TEXTO ÁUREO
Jeremias 1:5
5 Antes que eu te formasse no ventre, eu te conheci; e, antes que saísses da madre, te santifiquei e às nações te dei por profeta. (ARC)
TEXTO DE REFERÊNCIA
Jeremias 1:4-8
4 Assim veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo:
5 Antes que eu te formasse no ventre, eu te conheci; e, antes que saísses da madre, te santifiquei e às nações te dei por profeta.
6 Então, disse eu: Ah! Senhor JEOVÁ! Eis que não sei falar; porque sou uma criança.
7 Mas o SENHOR me disse: Não digas: Eu sou uma criança; porque, aonde quer que eu te enviar, irás; e tudo quanto te mandar dirás.
8 Não temas diante deles, porque eu sou contigo para te livrar, diz o SENHOR. (ARC)
INTRODUÇÃO
Iniciaremos o estudo sobre o livro de Jeremias, cujo nome provavelmente signifique “Jeová estabelece” ou “Jeová exalta”.
Eugene Peterson, assim descreve esse profeta: “Vigoroso na batalha, desafiou e contestou a injustiça, a falsidade e a vilania”.
Com certeza, este foi o profeta da velha aliança que mais experimentou o sofrimento em seu ministério. É considerado por todos, o profeta das lágrimas.
O reino de Israel estava dividido e o reino do Norte já havia sido levado em cativeiro pelos Assírios. O reino do Sul (Judá), cuja capital era Jerusalém, estava na eminência de ter o mesmo final, quando Jeremias surge no cenário profético de Judá. Ele muito se esforçou em admoestar o seu povo para que se arrependessem, no entanto, veremos que as mensagens do profeta não encontraram contrição no coração daquele povo.
R.K. Harrison, autor do comentário do livro de Jeremias da Série Cultura Bíblia, diz que Jeremias se destaca entre os profetas hebreus por causa da dimensão em que revelou seus sentimentos pessoais. Os outros faziam suas profecias sem dizer muito do que se passava dentro deles, mas Jeremias revela seu coração turbulento de homem que foi escolhido um pouco contra sua vontade para ser o arauto de Deus em sua geração.
Neste estudo de 13 lições, iremos abordar os fatos mais importantes do ministério de Jeremias, um homem de personalidade melancólica e introvertida.
1 – UM PROFETA ELEITO POR DEUS
As escolhas de Deus são inquestionáveis, pois elas se fundamentam em sua soberania. Ele não pede conselhos aos homens de quem irá eleger; suas escolhas não são democráticas, pois não solicita consenso ou aceitação de nossa parte, Deus simplesmente escolhe e põe um ponto final.
Jeremias 1:5
5 Antes que eu te formasse no ventre, eu te conheci; e, antes que saísses da madre, te santifiquei e às nações te dei por profeta. (ARC)
Apesar de Jeremias ter sido escolhido por Deus ainda no ventre materno, ou seja, ter o seu ministério baseado na chamada divina; ainda muito jovem, Jeremias relutou contra a sua vocação, alegando incapacidade de cumprir os desígnios do Senhor.
A ponderação que Jeremias fazia no seu coração se apoiava no fato de ser ainda um juvenil para uma tarefa tão importante. Não se sabe ao certo qual a idade que Jeremias tinha quando Deus o chamou. A Bíblia se limita a informar que ele não passava de uma criança.
Jeremias 1:6
6 Então, disse eu: Ah! Senhor JEOVÁ! Eis que não sei falar; porque sou uma criança. (ARC)
A palavra criança no texto, em seu original hebraico é: na’ar, e a mesma tem amplo sentido, podendo significar: menino, adolescente ou jovem. Warren Wiersbe afirma que Jeremias teria cerca de 20 anos de idade quando foi chamado, mas isso não é consenso entre os estudiosos, pois alguns pensam que Jeremias poderia ter até menos de 20 anos na ocasião da sua vocação. De todo modo, Deus chamou a Jeremias ainda na tenra idade para um serviço de tamanha responsabilidade.
Também pesava nas ponderações de Jeremias, a realidade de que a natureza de sua mensagem era extremamente impopular, pois ela combatia pecados diversos da sociedade judaica, culminando em reunir muitos inimigos durante o seu ministério.
Jeremias 26:9-11
9 Por que profetizaste no nome do SENHOR, dizendo: Será como Siló esta casa, e esta cidade será assolada, de sorte que fique sem moradores? E ajuntou-se todo o povo contra Jeremias, na Casa do SENHOR.
10 E, ouvindo os príncipes de Judá estas palavras, subiram da casa do rei à Casa do SENHOR e se assentaram à entrada da Porta Nova da Casa do SENHOR.
11 Então, falaram os sacerdotes e os profetas aos príncipes e a todo o povo, dizendo: Este homem é réu de morte, porque profetizou contra esta cidade, como ouvistes com os vossos ouvidos. (ARC)
Com certeza Jeremias, foi um dos profetas menos compreendidos por trazer uma mensagem que não agradava ou massageava o ego de seus ouvintes, ao contrário, suas mensagens confrontava a nata da sociedade judaica – reis, príncipes e sacerdotes.
Ronildo Barro afirma que tais fatos tornaram a sua existência dramática.
Jeremias 1:6-8
6 Então, disse eu: Ah! Senhor JEOVÁ! Eis que não sei falar; porque sou uma criança.
7 Mas o SENHOR me disse: Não digas: Eu sou uma criança; porque, aonde quer que eu te enviar, irás; e tudo quanto te mandar dirás.
8 Não temas diante deles, porque eu sou contigo para te livrar, diz o SENHOR. (ARC)
Mesmo relutante quanto a sua chamada, pois se achava desqualificado, Deus não considerou o temor de Jeremias, antes, o removeu dele. Jeremias passou a entender que o Senhor o tornaria apto para o ministério, mesmo diante de tanta limitação.
2 Coríntios 3:4-5
4 E é por Cristo que temos tal confiança em Deus;
5 não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus, (ARC)
Nossas desculpas de nada valem diante da soberana escolha de Deus. Ele sempre dotou seus escolhidos de talentos e dons para o pleno exercício de suas responsabilidades em seu reino.
1.1 – A autoria do livro
Jeremias 1:1-3
1 Palavras de Jeremias, filho de Hilquias, dos sacerdotes que estavam em Anatote, na terra de Benjamim.
2 A ele veio a palavra do SENHOR, nos dias de Josias, filho de Amom, rei de Judá, no décimo terceiro ano do seu reinado.
3 E lhe veio também nos dias de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá, até ao fim do ano undécimo de Zedequias, filho de Josias, rei de Judá, até que Jerusalém foi levada em cativeiro no quinto mês. (ARC)
Jeremias iniciou o seu ministério no décimo terceiro ano do rei Josias e se estendeu até o fim do décimo primeiro ano do reinado de Zedequias e quinto mês do exílio de Judá na Babilônia.
É consenso geral que Jeremias, nascido em uma pequena cidade chamada Anatote, cidade benjamita dada aos filhos de Arão e que ficava a 5 ou 6 quilômetros a nordeste de Jerusalém, escreveu o livro que leva o seu nome – Jeremias.
Norman Champlin, afirma que não há dúvidas que o livro pertence, genuinamente, a Jeremias, embora certas porções possam ter sido adicionadas posteriormente por editores. E também é claro que Jeremias se valeu de mais de uma fonte informativa; que incorporou em sua obra, como o capítulo 52 que é um óbvio empréstimo de II Reis 24.18, 25 e 30, que foi adicionado por algum editor.
Jeremias 36:2,21-23,32
2 Toma o rolo de um livro e escreve nele todas as palavras que te tenho falado sobre Israel, e sobre Judá, e sobre todas as nações, desde o dia em que eu te falei a ti, desde os dias de Josias até hoje.
21 Então, enviou o rei a Jeudi, para que trouxesse o rolo; e Jeudi tomou-o da câmara de Elisama, o escriba, e leu-o aos ouvidos do rei e aos ouvidos de todos os príncipes que estavam em torno do rei.
22 (Estava, então, o rei assentado na casa de inverno, pelo nono mês; e estava diante dele um braseiro aceso.)
23 E sucedeu que, tendo Jeudi lido três ou quatro folhas, cortou-o o rei com um canivete de escrivão e lançou-o ao fogo que havia no braseiro, até que todo o rolo se consumiu no fogo que estava sobre o braseiro.
32 Tomou, pois, Jeremias outro rolo e o deu a Baruque, filho de Nerias, o escrivão, o qual escreveu nele, da boca de Jeremias, todas as palavras do livro que Jeoaquim, rei de Judá, tinha queimado; e ainda se acrescentaram a elas muitas palavras semelhantes. (ARC)
As primeiras mensagens de Jeremias foram compiladas pelo seu escrivão Baruque, porém o rei Jeoaquim queimou o rolo que continha as mensagens. Então, Jeremias ditou as palavras novamente e acrescentou novas mensagens ao livro, formando um novo rolo.
O escriba exercia um papel de grande destaque na antiguidade; deveriam ser instruídos, ter conhecimento das ciências de sua época, saber matemática, direito, desenho, artes, etc., eles deveriam também possuir capacidades exegéticas, pois exerciam também o papel de interpretes da lei. Os escribas eram homens eruditos, mestres do povo, e não apenas amanuenses habilidosos.
Diz-se acerca dos escribas que assim como um poeta que escreve, sofrer uma mutilação da mão direita, seria o pior destino possível.
Baruque, além de ter sido o amigo confiável e confidente de Jeremias, era também o seu secretário e seu escrivão.
1.2 – As origens do profeta
Jeremias 1:1
1 Palavras de Jeremias, filho de Hilquias, dos sacerdotes que estavam em Anatote, na terra de Benjamim. (ARC)
Jeremias era filho de Hilquias que exerceu o sacerdócio em Anatote; era pertencente à família sacerdotal.
Pela sua descendência, Jeremias poderia ter exercido o ministério levítico. Tal posição era bastante nobre e certamente lhe teria concedido prestígio, segurança e privilégios.
O historiador Flávio Josefo, afirma que os sacerdotes era uma classe muito honrada como se os mesmos pertencessem a nobreza ou linhagem real.
Apesar de todo o cenário propício para que Jeremias caminhasse nos mesmos passos de seu pai e fosse também consagrado ao sacerdócio, Deus intervém e o vocaciona a outro ministério, o profético.
Entenda que um sacerdote poderia ser profeta, mas nem todos os profetas poderiam ser sacerdote, isto porque a exigência básica era que um sacerdote deveria pertencer a tribo de Levi. Além deste requisito, deveria descender da família de Arão, dos filhos de Coate, Merari ou de Gerson, não possuir defeitos físicos, ser destro e o mais essencial, ser chamado por Deus.
Hebreus 5:4
4 E ninguém toma para si essa honra, senão o que é chamado por Deus, como Arão. (ARC)
A chamada de Jeremias para o ministério profético, anulava o provável destino do jovem seguir os mesmos passos de seus pais. Ser profeta era o caminho inverso ao do sacerdócio. O profeta não gozava de privilégios, não tinha mordomias e normalmente fazia muitos inimigos no seu caminho.
Enquanto o sacerdote fazia o papel de intercessão entre os homens e Deus, o profeta trazia a mensagem de Deus aos homens.
1.3 – O profeta não foge a luta
Jeremias viveu um dos períodos mais escurecidos da nação de Judá.
O relacionamento entre Judá e Deus apresentava deficiência. Havia uma crise moral e política estabelecida. Aquele povo substitui o alto padrão moral e espiritual adquirido no Sinai por uma acomodação e aceitação à religião idólatra e corrupta de Canaã.
R.K. Harrison afirma que esta influência tinha se difundido tanto, que havia ídolos mesmo na área do Templo e em diversos lugares perto de Jerusalém, crianças eram sacrificadas regularmente a Baal e Moloque, desafiando as proibições da Lei.
Essas práticas idólatras tinham sido suprimidas no tempo de Josias, porém assim que ele morreu elas reapareceram.
Jeremias 32:34,35
34 antes, puseram as suas abominações na casa que se chama pelo meu nome, para a profanarem.
35 E edificaram os altos de Baal, que estão no vale do filho de Hinom, para fazerem passar seus filhos e suas filhas pelo fogo a Moloque, o que nunca lhes ordenei, nem subiu ao meu coração que fizessem tal abominação, para fazerem pecar a Judá. (ARC)
Levítico 18:21
21 E da tua semente não darás para a fazer passar pelo fogo perante Moloque; e não profanarás o nome de teu Deus. Eu sou o SENHOR. (ARC)
Levítico 20:1-2
1 Falou mais o SENHOR a Moisés, dizendo:
2 Também dirás aos filhos de Israel: Qualquer que, dos filhos de Israel ou dos estrangeiros que peregrinam em Israel, der da sua semente a Moloque, certamente morrerá; o povo da terra o apedrejará com pedras. (ARC)
Jeremias foi designado por Deus a cutucar um vespeiro de pecados que se tornara o reino do Sul, Judá. A dura mensagem que se principiou em sua cidade natal, Anatote, se estendeu até a capital do reino, Jerusalém e abrangeu toda a nação.
Sua mensagem consistia basicamente em uma convocação para que Judá se arrependesse da idolatria e apostasia; e caso não fosse correspondido nesse chamamento, a destruição seria o futuro daquele povo.
Jeremias, procurava deixar bastante claro que a apostasia da nação era a verdadeira causa para a devastação que se aproximava.
A palavra de Deus em sua boca despertou a fúria de seus ouvintes. Imediatamente, após Jeremias começar a profetizar contra os pecados do seu povo, também iniciaram as perseguições ao profeta.
Jeremias 11:19-21
19 E eu era como um manso cordeiro, que levam à matança; porque não sabia que imaginavam projetos contra mim, dizendo: Destruamos a árvore com o seu fruto e cortemo-lo da terra dos viventes, e não haja mais memória do seu nome.
20 Mas, ó SENHOR dos Exércitos, justo Juiz, que provas os pensamentos e o coração, veja eu a tua vingança sobre eles; pois a ti descobri a minha causa.
21 Portanto, assim diz o SENHOR acerca dos homens de Anatote, que procuram a tua morte, dizendo: Não profetizes no nome do SENHOR, para que não morras às nossas mãos. (ARC)
Tais perseguições frustraram a Jeremias que se mostrou desgostoso e o levaram a um estado de fadiga espiritual, ocasionada principalmente por sua própria família que o desacreditava.
Jeremias 12:6
6 Porque até os teus irmãos e a casa de teu pai, eles próprios se hão deslealmente contigo; eles mesmos clamam após ti em altas vozes. Não te fies neles ainda que te digam coisas boas. (ARC)
Enquanto Jeremias proclamava as palavras vindas de Deus, seus parentes, incluindo seu pai, iam após ele dizendo algo do tipo: “Não acreditem em Jeremias, ele enlouqueceu”.
O conselho do Senhor a Jeremias com relação a sua parentela foi que não confiasse neles, mesmo que se apresentasse sorrindo, pois, os tais eram desleais e falsos com Jeremias, estavam mergulhados no mesmo pecado da nação e também precisavam de arrependimento.
Jeremias 12:5
5 Se te fatigas correndo com homens que vão a pé, como poderás competir com cavalos? Se tão somente numa terra de paz estás confiado, que farás na enchente do Jordão?
6 Porque até os teus irmãos e a casa de teu pai, eles próprios se hão deslealmente contigo; eles mesmos clamam após ti em altas vozes. Não te fies neles ainda que te digam coisas boas. (ARC)
A vida de um profeta não era fácil. Normalmente eram solitários e mal compreendidos, enquanto os sacerdotes invariavelmente comiam a mesa do rei, o profeta não, pois o mesmo deveria manter-se sem contaminações e assim poder falar com independência a Palavra do Senhor. Não se podia esperar que o “emprego” de profeta fosse uma condição segura, ao contrário, estes tinham a incumbência de denunciar os erros do povo, inclusive dos reis e sacerdotes e convocá-los a tornarem-se para Deus. Mensagens desta natureza instigavam o furor dos seus ouvintes. Ser profeta, portanto, era perigoso.
O seu ofício profético atravessou o reinado de cinco monarcas em Judá, mostrando a abrangência do seu ministério, que segundo os estudiosos, se prolongou por 39 ou 41 anos, (outros afirmam ter durado apenas 23 anos – Jr 25.3-5), bem como o alcance de suas profecias. Dentre eles, destacamos a piedade de Josias que imprimiu um grande esforço para restaurar o verdadeiro culto a Deus, mas que após a sua morte, tudo voltou a se perder. Acredita-se que Jeremias o ajudou na reforma religiosa.
Josias: Caps. 1-20 (excetuando 12.7—13.27);
Jeoacaz: Cap. 20.10-12;
Jeoaquim: Caps. 12.7-13.27; 21; 25; 27; 28; 33.35; 36; 45;
Joaquim (Jeconias): Caps. 13.18 ss.; 20.24-30; 52.31-34;
Zedequias: Caps. 24; 29; 37; 38; 51.59,60 (advertências); 30-33 (promessas de restauração); 21; 34; 37-39 (o cerco babilônico); 40- 44 (após a queda de Jerusalém); 46-51 (profecias contra várias nações); 52 (apêndice);
Importante ressaltar que Jeremias nasceu durante o reinado de Manasses e era criança no reinado de Amom, portanto não exerceu atividade profética. Seu ministério iniciou no reinado de Josias.
2 – UM PROFETA COMPROMETIDO COM DEUS
O ministério profético de Jeremias foi evidenciado em dois períodos (reinos): Antes da morte de Josias, quando os acontecimentos eram relativamente positivos, pois este rei efetuava uma reforma na estrutura religiosa de Judá e também no início do reinado de Jeoacaz, quando Judá já enfrentava um tempo de extremos conflitos.
Josias herdou um reino espiritualmente falido, pois o seu avó Manasses deixara um legado de idolatria e apostasia muito grandes em Judá. Manasses chegou a queimar os seus filhos no fogo em oferta a Moloque e praticou diversas formas de ocultismo (II Rs 21.1-18). Seu filho Jeoacaz pouco fez, pois reinou apenas dois anos e foi assassinado por seus oficiais (II Rs 21.19-26; II Cr 33.21-23).
Norman Champlin, comenta que imediatamente após a morte de Josias, o rei Neco, Faraó do Egito, invadiu Judá (ver II Reis 23.29-30). O Faraó Neco conseguiu depor Jeoacaz e colocar Eliaquim no trono de Judá, trocando seu nome para Jeoaquim (ver II Reis 23.31-35). Judá permaneceu subserviente ao Egito, até que aquele país foi derrotado na batalha de Carquêmis (604 a.C.), na qual o Egito foi esmagado por Nabucodonosor, o príncipe herdeiro da Babilônia, que logo após veio a ser o rei da Babilônia. Naquela ocasião o império babilônico estava a caminho do domínio do mundo.
D.L. Moody, afirma em seu comentário sobre o livro de Jeremias que enquanto em Judá havia um grupo pró-Egito, que acreditava que tal nação estava se reestruturando para novamente tornar-se um poder mundial, e que seria inteligente confiar neles como força de apoio contra a Babilônia; havia também outro partido pró-Babilônia que viam nestes um poder invencível e assim, insistiam em se lhe submeter como preço para permanecerem existindo. Os profetas por outro lado, aconselharam a nação de Judá não esperar nada do Egito nem da Babilônia, mas a confiar em Deus.
2.1 – O profeta da esperança
Jeremias foi a escolha do Eterno. Jovem, inexperiente, sentindo-se incapaz e cheio de limitações para ser a boca de Deus a falar com toda a classe social de Judá, desde o mais inexpressivo habitante do povo até o mais ilustre, desde o mais simples até o monarca, desde o que entrava no templo para adorar até o sacerdote e sumo sacerdote que lá ministravam. Ninguém escaparia das palavras de juízo proferidas pelo profeta Jeremias.
Jeremias 26:7-9
7 E ouviram os sacerdotes, e os profetas, e todo o povo, a Jeremias anunciando estas palavras na Casa do SENHOR.
8 E sucedeu que, acabando Jeremias de dizer tudo quanto o SENHOR lhe havia ordenado que dissesse a todo o povo, pegaram nele os sacerdotes, e os profetas, e todo o povo, dizendo: Certamente, morrerás.
9 Por que profetizaste no nome do SENHOR, dizendo: Será como Siló esta casa, e esta cidade será assolada, de sorte que fique sem moradores? E ajuntou-se todo o povo contra Jeremias, na Casa do SENHOR. (ARC)
Jeremias deveria entrar em ambientes extremamente corruptos, entregar a mensagem e sair sem se infectar pelo suborno, pelo aliciamento ou sedução daqueles que ali transitavam como se Deus não existisse.
Deus viu em Jeremias, um homem capaz de se manter integro, mesmo diante de situações mais adversas.
Um dos grandes episódios e que por certo tenha marcado Jeremias de forma profunda, se encontra no capítulo 12 do livro. Deus confronta a Jeremias com tais palavras:
Jeremias 12:5
5 Se te fatigas correndo com homens que vão a pé, como poderás competir com cavalos? Se tão somente numa terra de paz estás confiado, que farás na enchente do Jordão? (ARC)
Missionário Homero Castro faz um paralelo interessante com este versículo:
“Imagino que, em outras palavras Deus estava dizendo o seguinte à Jeremias: ” A vida é difícil, Jeremias. Você vai desistir diante da primeira onda de oposição? Vai se refugiar em casa no instante em que descobrir que multidões de pessoas estão mais interessadas em manter seus pés aquecidos do que viver em perigo para a glória de Deus? Quer arrastar-se com a multidão ou almeja correr com os cavalos?” A vida de Jeremias foi a sua resposta: “Eu correrei com os cavalos!”
http://www.outrasfronteiras.com.br/blog/a-morte-de-jeremias
A resposta de Jeremias é certamente um aceite para se tornar o profeta sofredor.
Em meu particular entendimento, Jeremias é um dos personagens bíblicos que mais se alimentou do prato do sofrimento. De acordo com Farley, “Nunca foi imposto sobre um homem mortal, fardo mais esmagador. Em toda a história da raça judaica, nunca houve semelhante exemplo de intensa sinceridade, sofrimento sem alívio, proclamação destemida da mensagem de Deus e intercessão incansável de um profeta em favor do seu povo como se observa em Jeremias”.
Sua aflição começa desde a sua mocidade e perdura até a sua morte.
O livro não narra o que lhe sucedeu, mas existem pressupostos que segundo a tradição judaica, ele tenha morrido no Egito na cidade de Tafnes, apedrejado até a morte pelos próprios patrícios judeus que lá estavam e que o culpavam pelo exílio.
Ele é ainda mais uma comprovação que mesmo fieis, sofremos, mesmo fieis, seremos afligidos, mesmo fieis, poderemos ter uma vida extremamente dura. Jeremias só encontraria alívio no porvir e sua esperança estava no amanhã e não no presente.
2.2 – Chamado em tempos de crise
Quando a pior crise espiritual se abateu sobre Judá, Deus separa alguém para representá-lo em meio ao caos instaurado, pois o povo havia se desviado da Palavra de Deus.
Assíria caiu pelas mãos dos caldeus; o Egito se esforçava para se levantar e tornar-se uma potência novamente, mas os caldeus também o abate e se consolida como a grande nação imperial daquele tempo. Em meio a tudo isso, uma porção de terra em Canaã, onde estava Judá, assistia a tudo temerosamente.
Jeremias 2:13
13 Porque o meu povo fez duas maldades: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas. (ARC)
Este povo havia abandonado o Senhor, a fonte de águas sempre novas e vivas e decidiram cavar para si cisternas rasgadas que não podiam reter as águas.
Os comentaristas da Enciclopédia Beacon, dizem que tal metáfora é significativa, pois sabe-se que aquela região é uma terra árida. Trocar o manancial de águas frescas e espumantes pelas águas estagnadas e pútridas de cisternas é irracional. Voltar-se para cisternas que estão perfuradas e não podem reter as águas é inimaginável. Porém foi exatamente isso que Israel fez ao se voltar para os deuses inúteis e ineficientes na sua aptidão de ajudar.
Ao menos por quatro vezes, Bíblia nos revela que o próprio Filho de Deus é a fonte de águas vivificantes. Isaías predisse essa verdade.
Isaías 55:1
1 Ó vós todos os que tendes sede, vinde às águas, e vós que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite. (ARC)
João 4:13-14
13 Jesus respondeu e disse-lhe: Qualquer que beber desta água tornará a ter sede,
14 mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna. (ARC)
Enquanto a mulher samaritana pensava na água do poço de Jacó, Jesus a elevou a um conceito mais alto e a um nível mais satisfatório. A água viva é aquela que é perene, jorra de uma fonte inesgotável e é sempre fresca. Ela nasce no interior e não no exterior.
João 7:37-38
37 E, no último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, que venha a mim e beba.
38 Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre. (ARC)
Segundo o Comentário Beacon, o ritual do último dia da festa (festa dos Tabernáculos), que simbolizava a entrada dos israelitas em Canaã, era caracterizado por um plano cuidadosamente trabalhado. As multidões de peregrinos estavam em uma disposição festiva. Cada peregrino levava a sua mão direita, o lulabh, um ramo de murta e um salgueiro atados de cada lado de uma palmeira. Na sua mão esquerda estava o ethrog, ramos de árvores sagradas, a chamada árvore do paraíso, uma espécie de limoeiro (Lv 23.40). Os peregrinos dividiam-se em três grupos. Um preparava-se para o sacrifício matinal no Templo. Outro juntava os ramos de salgueiro para adornar o altar. O terceiro grupo, o mais importante, ia até o tanque de Siloé (Jo 9.7), de onde o sacerdote trazia água em um jarro dourado até o Templo, despejando-a na base do altar, como uma oferta líquida ou libação. Enquanto a água era derramada, o grande Halel (Sl 113-118) era entoado em duas vozes. Alguns pensam que foi imediatamente depois do rito simbólico de derramar a água, com a resposta em duas vozes, que Jesus pôs-se em pé e clamou dizendo: “Se alguém tem sede, que venha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a escritura, rios de água viva correrão do seu ventre (ou coração)“.
Apocalipse 22:17
17 E o Espírito e a esposa dizem: Vem! E quem ouve diga: Vem! E quem tem sede venha; e quem quiser tome de graça da água da vida. (ARC)
Charles Erdman, resume todas essas referências ao dizer que, com essas palavras Jesus arroga para si o poder de ser, para todos os cansados, insatisfeitos e sedentos o que a pedra ferida no deserto havia sido para o antigo Israel.
Números 20:10-11
10 E Moisés e Arão reuniram a congregação diante da rocha, e Moisés disse-lhes: Ouvi agora, rebeldes: porventura, tiraremos água desta rocha para vós?
11 Então, Moisés levantou a sua mão e feriu a rocha duas vezes com a sua vara, e saíram muitas águas; e bebeu a congregação e os seus animais. (ARC)
Enquanto Judá estava destinada ao fracasso extraindo água apodrecida por estar armazenada em cisternas rotas, Deus propunha água de verdade para que pudessem saciar a sua sede e assim conceder-lhes misericórdia.
2.3 – Desafios da chamada no mundo contemporâneo
Sabemos que o perfil dos homens desta geração não é nada bom. Baseado em II Tm 3, percebemos que os desafios daqueles que foram chamados por Deus neste mundo pós-moderno são imensos.
Apesar de todo o cenário adverso, semelhante até com o tempo de Jeremias, onde a estrutura religiosa, política e social de Israel, apresentava corrupção e desvios, temos que nos posicionar firmemente contra a degradação de nossos valores e da nossa fé; precisamos confiar em Cristo e na sua Palavra para fazermos valer os seus propósitos eternos e seus planos estabelecidos para o nosso tempo.
Para isso, existe a necessidade de um relacionamento mais íntimo com Deus e com a Escritura. Ambos, nos levarão a ansiarmos por seu perdão, graça, misericórdia, presença e conhecimento.
Salmos 42:1-2
1 Como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus!
2 A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus? (ARC)
Provisões, bênçãos, bens, tudo isso não pode conter o apetite da alma de um ser humano. Tais interesses enganam a alma por um tempo, mas logo depois ela cai em si novamente e percebe que a sequidão da vida ainda está presente. Uma geração sedenta por Deus, encontrará somente em Deus a sua saciedade.
Ainda hoje somos chamados por Deus. Ele ainda escolhe homens (gênero humano) para realizar seus propósitos. Foi assim no passado com Abraão, Moisés, Samuel, Davi, os profetas, foi assim com cada discípulo, foi assim com Paulo, com Timóteo e é assim contigo. A chamada sempre tem um responsável – Deus.
3 – O PROFETA E A VONTADE DE DEUS
Jeremias 1:5
5 Antes que eu te formasse no ventre, eu te conheci; e, antes que saísses da madre, te santifiquei e às nações te dei por profeta. (ARC)
O Pastor Claudionor de Andrade, destaca três coisas que o Senhor fez em relação a Jeremias: conhece-o, santificou-o e o deu às nações.
O profeta ainda não existia, mas já era conhecido por Deus; Ainda não estava ciente de sua missão, porém já se achava santificado para o ministério; ainda não sabia falar, todavia, o Senhor já o tinha dados aos povos como arauto.
3.1 – Escutando a voz de Deus
Há muito ruído neste mundo. Certamente os acontecimentos negativos e os fatos adversos contribuem para que os nossos ouvidos não estejam afinados no diapasão do Espírito do Senhor.
Mesmo em meio a tanto barulho, precisamos nos concentrar em oração e ouvir a voz de Deus falar ao nosso coração. Um profeta precisa estar muito bem sintonizado com o céu a fim de poder escutar o que Deus tem a dizer.
Jó 33:14
14 Antes, Deus fala uma e duas vezes; porém ninguém atenta para isso. (ARC)
Não existe um formato definido ou fixo que modula como, onde e quando Deus quer falar com os seus servos. Os cultos normalmente são ocasiões ideais para ouvirmos a sua voz, através de um cântico, um testemunho, uma mensagem, uma oração e até mesmo, por meio dos dons espirituais. No entanto, Deus pode falar conosco em um devocional particular, em casa, no escritório, na rua ou em qualquer outro lugar.
Êxodo 19:19
19 E o sonido da buzina ia crescendo em grande maneira; Moisés falava, e Deus lhe respondia em voz alta. (ARC)
1 Reis 19:12-13
12 e, depois do terremoto, um fogo; porém também o SENHOR não estava no fogo; e, depois do fogo, uma voz mansa e delicada.
13 E sucedeu que, ouvindo-a Elias, envolveu o seu rosto na sua capa, e saiu para fora, e pôs-se à entrada da caverna; e eis que veio a ele uma voz, que dizia: Que fazes aqui, Elias? (ARC)
No Sinai, Deus falou com Moisés em meio a relâmpagos e em voz alta, mas com Elias, no mesmo monte, a voz de Deus foi mansa e suave. O primeiro estava em êxtase, vislumbrado com a presença de Deus e o segundo desanimado e enfraquecido pela perseguição.
Deus é um Deus pessoal, que se relaciona afetuosamente com os seus servos. Desta forma, o que verdadeiramente interessa é que o Senhor se dispõe a falar conosco em todas as circunstâncias.
O salmista revela-nos que no dia da sua calamidade, ele clamou ao Senhor e Deus não somente o ouviu, mas principalmente, o respondeu.
Salmos 3.4
4 Ao Senhor clamo em alta voz, e do seu santo monte ele me responde. (NVI)
Para ouvirmos a voz de Deus, precisamos estreitar o nosso relacionamento com Ele, precisamos estabelecer uma relação de intimidade com Ele. A falta de maturidade espiritual pode ser um empecilho para o escutá-lo. Assim foi com o aspirante sacerdote Samuel, quando ainda era muito moço.
1 Samuel 3:9-10
9 Pelo que Eli disse a Samuel: Vai-te deitar, e há de ser que, se te chamar, dirás: Fala, SENHOR, porque o teu servo ouve. Então, Samuel foi e se deitou no seu lugar.
10 Então, veio o SENHOR, e ali esteve, e chamou como das outras vezes: Samuel, Samuel. E disse Samuel: Fala, porque o teu servo ouve. (ARC)
O maior grau de pessoalidade com Deus, nos levará a santificação e a consagração de nossas vidas; por consequência nos conduzirá também ao amadurecimento que aguçará a nossa audição, a fim de podermos estar atentos ao menor som de sua voz.
A melhor forma que Deus se utiliza para falar com o homem hoje é através da sua Palavra. O livro aberto é a boca de Deus se comunicando com o indivíduo.
3.2 – Jeremias e seu encanto pela voz de Deus
Jeremias vivia em meio a uma grande tormenta. Distante das rodas sociais, tinha um único amigo, Baruque. De vida reclusa, somente saia do ostracismo para anunciar os vereditos de Deus. Quando isso acontecia, era maltratado, humilhado, espancado, hora era aprisionado no cárcere, no tronco e até no poço foi lançado por seus algozes.
O sofrimento de Jeremias alcançou níveis tão alarmantes que em um de seus particulares com Deus, chega a acusar o Criador de vendedor de ilusões. Jeremias diz:
Jeremias 20:7-8
7 Iludiste-me, ó SENHOR, e iludido fiquei; mais forte foste do que eu e prevaleceste; sirvo de escárnio todo o dia; cada um deles zomba de mim.
8 Porque, desde que falo, grito e clamo: Violência e destruição! Porque se tornou a palavra do SENHOR um opróbrio para mim e um ludíbrio todo o dia. (ARC)
O comentário Beacon, afirma que Jeremias está atormentado e este é o registro de sua queixa mais triste e amarga. Neste momento, as cortinas são abertas e o leitor da Bíblia tem um vislumbre dos sentimentos interiores do profeta. Essa reflexão sombria pode ter provindo diretamente da angustia e dor que ele sentiu enquanto estava preso no cepo dia e noite, associado ao seu temperamento melancólico (grifo meu); de qualquer forma, a vida tinha chegado a um ponto de desespero. Jeremias se sentiu ameaçado de todos os lados.
Neste ponto, Jeremias se recorda das palavras de Deus dita a ele quando o chamou para o ministério profético.
Jeremias 1:9-10; 17-19
9 E estendeu o SENHOR a mão, tocou-me na boca e disse-me o SENHOR: Eis que ponho as minhas palavras na tua boca.
10 Olha, ponho-te neste dia sobre as nações e sobre os reinos, para arrancares, e para derribares, e para destruíres, e para arruinares; e também para edificares e para plantares.
17 Tu, pois, cinge os teus lombos, e levanta-te, e dize-lhes tudo quanto eu te mandar; não desanimes diante deles, porque eu farei com que não temas na sua presença.
18 Porque eis que te ponho hoje por cidade forte, e por coluna de ferro, e por muros de bronze, contra toda a terra, e contra os reis de Judá, e contra os seus príncipes, e contra os seus sacerdotes, e contra o povo da terra.
19 E pelejarão contra ti, mas não prevalecerão contra ti; porque eu sou contigo, diz o SENHOR, para te livrar. (ARC)
O seu presente parecia ser o contrário das palavras ditas por Deus quando foi chamado: “ponho-te neste dia sobre as nações, para arrancares, e para derribares, e para destruíres, e para arruinares; e também para edificares e para plantares”.
Sua vida parecia o oposto das palavras do Senhor quando o vocacionou: “te ponho hoje por cidade forte ,e por coluna de ferro, e por muros de bronze… Eles pelejarão contra ti, mas não prevalecerão…”.
O significado correto das palavras iniciais ditas por Deus na ocasião da sua chamada, tinham o sentido de que, mesmo diante de tantas adversidades e sofrimentos, Jeremias não iria interromper a sua jornada, mas seria como uma cidade bem fortificada e inviolável, cujas colunas são como ferro e os muros como bronze, portanto uma verdadeira fortaleza inabalável. Jeremias não seria detido pelas calamidades e perseguições.
Tais palavras tanto se cumpriram na vida de Jeremias, que mesmo aos trancos e barrancos, o profeta encerra o seu lamento de acusar a Deus de enganá-lo dizendo:
Jeremias 20:9,11
9 Quando pensei: não me lembrarei dele e já não falarei no seu nome, então, isso me foi no coração como fogo ardente, encerrado nos meus ossos; já desfaleço de sofrer e não posso mais.
11 Mas o SENHOR está comigo como um poderoso guerreiro; por isso, tropeçarão os meus perseguidores e não prevalecerão; serão sobremodo envergonhados; e, porque não se houveram sabiamente, sofrerão afronta perpétua, que jamais se esquecerá. (RA)
Jeremias descobre que a vontade de Deus continua sendo a grande força motriz da sua vida e então, no versículo 11, passa a compreender o verdadeiro sentido das palavras ditas pelo Senhor quando ainda era uma criança.
Quantas vezes eu e você, também não consideramos a possibilidade de desistir, quando as oposições se levantam? No entanto, quando pensamos em não falar nada mais em seu nome, a voz do Senhor prevalece sobre a nossa vontade e isso é em nosso coração como fogo ardente, encerrado em nossos ossos, assim como foi no coração de Jeremias, assim como foi em seus ossos.
3.3 – Uma história de fé e perseverança
Jeremias 1:17
17 Tu, pois, cinge os lombos, dispõe-te e dize-lhes tudo quanto eu te mandar; não te espantes diante deles, para que eu não te infunda espanto na sua presença. (RA)
A sua chamada foi marcada de várias formas e uma delas está no fato de Deus ordenar-lhe para cingir os lombos, ou seja, havia muito trabalho pela frente e que o mesmo seria duro, pesado, árduo, estafante, penoso.
Jeremias, o homem do rosto triste e olhos chorosos, foi também o profeta da esperança. Mesmo vivendo dias acinzentados, a fé deste profeta sempre prevaleceu. Mesmo que o seu tempo fosse marcado de angustias profundas, Jeremias optou por permanecer irredutível a sua vocação, ainda que esta, lhe arrancasse a própria vida aos poucos.
Ainda hoje, Deus está a chamar os seus escolhidos, tirando muitos da fileira de trás e os trazendo a frente. Neste caminho, alguns sucumbem, desistem, ante a rejeição, a perseguição, o maltrato, as calúnias e injúrias, as incompreensões, a solidão, a renúncia que se requer, o desprezo e tantas outras coisas; tudo na verdade, compõem o pacote da vida de um obreiro.
2 Coríntios 12:15
15 Eu, de muito boa vontade, gastarei e me deixarei gastar pelas vossas almas, ainda que, amando-vos cada vez mais, seja menos amado. (ARC)
O segredo daqueles que chegam até o fim, consisti em preservarem a fé e ser perseverantes ante as intempéries que surgem.
O mesmo Paulo, que afirmou que se gastaria e se deixaria gastar pelas almas que o Senhor lhe confiou, ao chegar ao fim de sua carreira, a encerrou de forma vitoriosa.
2 Timóteo 4:7
7 Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. (ARC)
O mais interessante deste texto é observar que Paulo, classifica o seu combate como BOM. A luta da qual participou, mesmo enfrentando perseguições, açoites, prisões, naufrágios, fome, nudez, perigos, ameaças, angústias, tribulações e etc…, resumiu-se em sofrimentos vivido por ele, e que não podiam ser comparados a glória que há de ser revelada.
Desta feita, cumpramos a expectativa de exercer o ministério com confiança, fidelidade e esperança em Deus.
Nosso tempo, em semelhança ao de Jeremias, necessita de voz do céu clamando nos púlpitos com toda intrepidez no Espírito, Portanto, não desista, o Senhor é conosco.
CONCLUSÃO
Jeremias é o perfeito modelo de um homem chamado por Deus em circunstâncias hostis; foi tremendamente afligido de todos os lados e formas por seus irmãos judeus e até por sua parentela; privado de se casar e constituir família; isolado da sociedade, não teve amigos, senão Baruque; a sua marca foi de fato a aflição, o infortúnio e o desgosto. Ainda assim, Jeremias perseverou em ser a voz de Deus nos seus dias, a fim de reconciliar o seu povo com o Senhor.
Jeremias é, portanto, um exemplo de lealdade, dedicação e persistência que merece respeito e imitação.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
Bíblia Eletrônica Olive Tree – Versão Revista e Corrigida / Revista e Atualizada;
Bíblia de Estudo Matthew Henry – Versão Revista e Corrigida – Central Gospel;
Bíblia de Estudo Pentecostal – Versão Revista e Corrigida – CPAD;
Bíblia Sagrada – Nova Versão Internacional (NVI) – Editora Vida;
Dicionário da língua portuguesa;
Comentário VT – Jeremias – Norman Champlin – Editora Hagnos;
Comentário Bíblico Expositivo Warren Wiersbe – Editora Central Gospel;
Revista EBD – 2º Trimestre 2010 – Lição 1 – Claudionor de Andrade – CPAD;
O Caminho de Jeremias – Marson Guedes – Editora Mundo Cristão;
Comentário Jeremias e Lamentações – Série Cultura Bíblica – R.K. Harrison – Editora Vida Nova;
Profetas Maiores – Ronildo Baldo – Seminário IBAD;
Comentário de Jeremias – D.L. Moody – Editora Batista Regular;
Comentário Bíblico Beacon – Vários autores – CPAD;
Comentário Expositivo Hagnos – Evangelho de João – Hernandes Dias Lopes – Editora Hagnos;
Site da internet mencionado quando citado no texto;
Por: Cláudio Roberto
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