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28/02/2018
Este post é assinado por Cláudio Roberto de Souza
TEXTO ÁUREO
Levítico 14:6
6 E tomará a ave viva, e o pau de cedro, e o carmesim, e o hissopo e os molhará com a ave viva no sangue da ave que foi degolada sobre as águas vivas. (ARC)
TEXTO DE REFERÊNCIA
Levítico 13:19-20
19 e, em lugar do apostema, vier inchação branca ou empola branca, tirando a vermelho, mostrar-se-á, então, ao sacerdote.
20 E o sacerdote examinará, e eis que, se ela parece mais funda do que a pele, e o seu pelo se tornou branco, o sacerdote o declarará imundo: praga de lepra é; pelo apostema brotou. (ARC)
Levítico 14:2-3
2 Esta será a lei do leproso no dia da sua purificação: será levado ao sacerdote;
3 e o sacerdote sairá fora do arraial e o sacerdote, examinando, eis que, se a praga da lepra do leproso for sarada, (ARC)
INTRODUÇÃO
Paz seja convosco!
Esta lição estudaremos acerca da lepra. Sua manifestação no corpo físico humano, seu significado simbólico, a abordagem sacerdotal, exames de verificação e comprovação, consequências e por fim, a purificação do leproso.
Mas o que é a lepra? Do hebraico ‘sãrá at’ e do grego ‘lepra’. A lepra é uma enfermidade infecciosa e contagiosa, crônica, provocada pelo “bacillus lepra de Hansen” ou o “Mycobacterium leprae”; ela se apresenta com lesões na pele, nos nervos e nas vísceras, com anestesia local e ulceração.
A lepra (Lv 13.12) era uma das doenças mais temidas do mundo antigo. Os leprosos sofriam de um vagaroso e incurável processo em que a moléstia acometia a pele, e as pessoas acreditavam que era altamente contagiosa. Como resultado, qualquer um que apresentava sintomas da doença era julgado como leproso, mesmo que tais indícios fossem causados por outra condição e, assim, o indivíduo era banido da convivência em sociedade.
É chamada de “a doença mais antiga do mundo”, afetando a humanidade há pelo menos 4000 anos e sendo os primeiros registros escritos conhecidos encontrados no Egito, datando de 1350 a.C.
A lepra era uma doença comum entre os judeus (Lc 4.27) com as seguintes características:
Infecciosa
1 – Infectava homens (Lc 17.12), mulheres (Nm 12.10), casas (Lv 14.34); roupas (Lv 13.47);
2 – Era doença incurável (2 Rs 5.7);
3 – Geralmente enviada como castigo pelo pecado (Nm 12.9-10; 2 Cr 26.19);
4 – Geralmente hereditária (2 Sm 3.29; 2 Rs 5.27);
Partes afetadas
1 – Mãos (Ex 4.6);
2 – Cabeça (Lv 13.44;
3 – Testa (2 Cr 26.19);
4 – Barba (Lv 13.30);
5 – Corpo inteiro (Lc 5.12);
6 – Geralmente começava com um ponto vermelho e brilhante (Lv 13.2, 24);
7 – Deixava a pele esbranquiçada (Ex 4.6; 2 Rs 5.27);
8 – Embranquecia ou amarelava os cabelos (Lv 13.3, 10, 30).
Os sacerdotes
1 – Eram juízes e decidiam nos casos de lepra (Dt 24.8);
2 – Examinavam as pessoas com suspeita da doença (Lv 13.2, 9);
3 – Isolavam as pessoas com suspeita da doença, por sete dias (Lv 13.4);
4 – Tinham regras que distinguiam a doença (Lv 13.5-44);
5 – Examinavam as pessoas curadas da doença (Lv 14.2; Mt 8.4; Lc 17.14);
6 – Efetuavam o cerimonial de purificação da doença (Lv 14.3-32).
Os afligidos pela lepra
1 – Considerados cerimonialmente impuros (Lv 13.8,11, 22,44);
2 – Separados da comunhão com os outros (Nm 5.2; 12.14-15);
3 – Habitavam em casas separadas (2 Rs 15.5);
4 – Proibidos de entrar na casa de Deus (2 Cr 26.21);
5 – Excluídos do ofício sacerdotal (Lv 22.2-4);
6 – Andavam descabelados, de roupas rasgadas e lábios cobertos (Lv 13.45);
7 – Deveriam gritar “impuro” quando alguém se aproximava (Lv 13.45);
Deus e a lepra
1 – Poder de Deus manifestado em sua cura (Nm 12.13-14; 2 Rs 5.8-14);
2 – Poder de Cristo manifestado em sua cura (Mt 8.3; Lc 5.13; 17.13-14);
3 – Cristo deu poder para sua cura (Mt 10.8).
Roupas
1 – Suspeitas, mostradas ao sacerdote (Lv 13.49);
2 – Suspeitas, isoladas por sete dias (Lv 13.50);
3 – Infectadas, deveriam ser rasgadas primeiro (Lv 13.56);
4 – Incuráveis da lepra eram queimadas (Lv 13.51-52);
5 – Suspeitas da doença, mas não infectadas, lavadas e pronunciadas limpas (Lv 13.53-54, 58).
Casas
1 – Suspeitas, anunciadas ao sacerdote (Lv 14.35);
2 – Suspeitas, desocupadas (Lv 14.36);
3 – Suspeitas, inspecionadas pelo sacerdote (Lv 14.37);
4 – Suspeitas, fechadas por sete dias (Lv 14.38);
5 – Derrubavam-se primeiro as partes afetadas e raspava-se o restante (Lv 14.39,42);
6 – Incurável da lepra, derrubada e removida (Lv 14.43-45);
7 – Infectadas, transmitiam imundícia a todos que entravam nelas (Lv 14.46-47);
8 – Suspeitas, mas não infectadas, pronunciadas limpas (Lv 14.48);
9 – Cerimônias de purificação da lepra (Lv 14.49-53).
A Enciclopédia Bíblica Internacional menciona que a doença progride lentamente, é intratável, é caracterizada por nódulos subcutâneos, crostas ou crostas cuticulares e manchas brancas brilhantes parecendo ser mais profunda do que a pele.
Ao contrário do que podemos imaginar, a lepra na Bíblia não era tratada por uma ciência da área secular (medicina), mas foi tratada primeiramente por Arão (sumo sacerdote) e seus filhos (sacerdotes), vocacionados por Deus para tratar da espiritualidade do povo de Israel, logo a lepra é posta como uma enfermidade que representava transgressão contra Deus, isto porque, a raiz hebraica “ sãrá” quer dizer ferido de Deus!
O indivíduo, cuja lepra fora detectada e confirmada pelos sacerdotes, deveria ser posto fora do arraial, fora do convívio social e familiar (Lv 13.46). O leproso era excluído da comunidade e fadado a viver o resto de sua vida fora do acampamento, fora da cidade ou do outro lado dos muros das mesmas!
1 – A RESPONSABILIDADE DO SACERDOTE
Até aqui vimos que as responsabilidades dos sacerdotes eram:
1 – Ministrarem as diversas atividades que envolviam as ofertas de sacrifício na Tenda da Congregação;
2 – Cuidarem do Santuário e do altar do Tabernáculo;
3 – Santificarem a si mesmos e ao povo;
4 – Seguirem rigorosamente a Lei do Senhor;
5 – Ensinar o povo a mesma Lei para que conhecendo ao Senhor, menos pecassem e mais ofertassem;
Agora, acrescenta-se as responsabilidades citadas acima, o fato do sacerdote examinar os possíveis casos de lepra entre o povo, comprovar a sua existência ou ausência e assim dar o veredito.
Levítico 13:2
2 O homem, quando na pele da sua carne houver inchação, ou pústula, ou empola branca, que estiver na pele de sua carne como praga de lepra, então, será levado a Arão, o sacerdote, ou a um de seus filhos, os sacerdotes. (ARC)
Sobre os sacerdotes repousavam grandes responsabilidades e sem dúvidas, esta, também era extremamente importante. Uma análise equivocada em considerar alguém leproso, sendo que estava puro, lançaria o indivíduo para fora do acampamento, para fora com convívio dos seus irmãos e familiares. Ele estava também fadado a não participar das festas e dos sacrifícios, ou seja, estava condenado a viver a parte da presença de Deus!
Por outro lado, a mesma análise, também equivocada poderia manter alguém impuro no mesmo acampamento e contagiar outros que até então estavam limpos, pois a lepra é uma pestilência que contamina.
Os sacerdotes tinham a obrigação de agirem com justiça!
1.1 – A lepra é símbolo do pecado
Segundo o dicionário popular da língua portuguesa, contagioso é tudo aquilo que se propaga ou se espalha de uma pessoa para outra, de um local para outro; que exerce influência sobre algo ou alguém. Significa contagioso; capaz de contagiar; que passa por contágio; que é transmitido pelo contato: doença contagiante.
https://www.dicio.com.br/contagiante/
A lepra possui tais características descritas acima e biblicamente é tratada como pecado!
Estudiosos apontam que a lepra é uma doença que se propaga muito facilmente quando o lugar apresenta as seguintes condições:
1 – Más condições de moradia – Uma casa onde não se serve a Deus, pode produzir lepra!
2 – Más condições de nutrição – Um indivíduo que ignora a Palavra de Deus, pode produzir lepra!
3 – Baixos níveis de informação quanto à higiene pessoal – Viver sem a prática da vida cristã que ratifica as vestes de salvação e também é o asseio da alma, também pode produzir lepra!
Como frisado pelo pastor Fernando Luiz Viana Alves, a lepra é uma doença que pode ferir pessoas de todas as idades e classe social, cultural e econômica e por tal característica figura muito bem o que é o pecado.
A lepra deturpa a imagem de Deus em sua melhor obra criada e do mesmo modo que a lepra a todos atinge, o pecado também o faz. Porém os seus efeitos não são apenas deformidades ou desfiguração da pele e do corpo humano, mas o pecado enfeia a alma, corrompe o caráter, adultera o espírito e vicia o corpo!
Neste estado, o homem está distante de Deus e separado da Sua presença!
Champlin explica que metaforicamente falando, essa enfermidade representa o pecado, que é uma condição da alma que se propaga, contagia e é crônica, tal e qual aquela enfermidade. No Antigo Testamento, os leprosos não podiam conviver em sociedade com os sãos (Núm. 12:14,15) e eram considerados «imundos» (Lev. 13:12,17). Um leproso, naturalmente, nunca podia tornar-se um sacerdote (Lev. 22:2-4), da mesma maneira que um pecador impenitente não pode ser um sacerdote espiritual, estando alienado de Deus. Jesus curou muitos casos de lepra (Mat. 8:3); Ele é a propiciação pelos pecados até mesmo do mundo inteiro (ver I João 2:2).
Segundo a Bíblia, todo o homem nasce “leproso”, isto é, em pecado, “porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3.23). Desta forma, faz-se necessário a propiciação pelo sangue de Jesus (Rm 3.25; 1 Jo 2.2; 4.10) para que a lepra seja removida e estejamos limpos para adentrar o santuário de Deus e com Ele comungarmos pacificamente (Rm 5.1)!
A preocupação em extirpar o leproso do arraial não era ideia dos sacerdotes, mas do próprio Deus. É o que encontramos no início do capítulo 13 e 14 de Levítico. Capítulos referentes ao tratamento da lepra no acampamento de Israel:
Levítico 13:1
1 Falou mais o SENHOR a Moisés e a Arão, dizendo: (ARC)
Levítico 14:1
1 Depois, falou o SENHOR a Moisés, dizendo: (ARC)
Essa expressão nos faz lembrar de que as Escrituras foram produzidas pelo fenômeno da inspiração divina e ressalta a fé nesta inspiração das Escrituras.
A lepra instalada poderia contagiar aqueles que estavam sãos. Deste modo, a ordem divina era a extração dos leprosos a fim de preservar aqueles que estavam sadios e tratar separadamente aqueles que estavam doentes.
Interessante que esta regra era aplicada aos Israelitas, e estava contida em sua Lei, mas encontramos situações na Bíblia que outros povos não separavam os seus leprosos dos demais. É o caso de Naamã que mesmo leproso, era capitão do exército da Síria (2 Rs 5.1). A mensagem aqui contida revela que no mundo o pecado é irrelevante! Percebe-se isso muito claramente quando se defende posições contrárias as escrituras, práticas de pecados declaradas, mas que numa sociedade já corrompida, o convívio com a podridão é natural e já não sentem o odor fétido provocado pelo pecado. Se Naamã fizesse parte do povo de Israel, do povo eleito por Deus, certamente seria afastado das funções, como o foi o Rei Uzias que ao se meter no Tabernáculo e tentar oferecer incenso ao Senhor, a lepra lhe saiu a testa e mesmo sendo rei, teve que viver os seus últimos dias em um leprosário, fora do palácio, afastado do trono, da sociedade elitizada do reino, da sua família (2 Cr 26.21)!
Uma das características da lepra é que ela ataca os nervos responsáveis pela sensibilidade no tecido da pele. Um dos primeiros efeitos da lepra, devido ao acometimento dos nervos, é a supressão da sensação térmica, ou seja, a incapacidade de diferenciar entre o frio e o quente no local afetado. Mais tardiamente pode evoluir para diminuição da sensação de dor no local. A falta de sensibilidade faz que o leproso não perceba os ferimentos que surgem, não sinta o calor das chamas no local com a doença, culminando em infecções graves onde membros ou parte deles são retirados. Ele vai apodrecendo e definhando até a morte.
O lado espiritual da lepra considerada pecado, é a insensibilidade causada pela transgressão. O pecado não é mais dolorido na vida daquele que está leproso. Há determinadas áreas da sua vida que não é mais regido pela Palavra de Deus e a correção ou admoestação não mais lhe aplicam. Esta área está anestesiada e levará o pecador a morte espiritual (Sl 73.22; 1 Tm 4.1-3; 1 Ts 5.19; 1 Tm 1.19-20).
A Comunidade Cristã Novo Tempo sugere que se a lepra física priva o indivíduo ter sensações como dor, calor, frio (dentre outras) a LEPRA ESPIRITUAL retira do indivíduo sua capacidade de sentir:
1 – Sentir a Deus
Quantos desdenham de nossa busca por Deus, de nossa vida de oração ou até mesmo se acham superiores intelectualmente porque não “precisam mais de Deus”? SÃO LEPROSOS ESPIRITUAIS, pessoas que perderam a sensibilidade por Deus e estão doentes.
2 – Sentir ao próximo
http://ccnovotempo.blogspot.com.br/2009/08/lepra-espiritual-lucas-512-16.html
Da mesma forma que o leproso não podia permanecer no acampamento de Israel (a igreja deve tomar este exemplo, pois já vimos que a lepra simboliza o pecado), a congregação está fundamentada na Palavra de Deus em não tolerar em seu seio o pecado e vale ressaltar que estamos falando do pecado inveterado, calejado, crônico, cujo pecador se tornou incorrigível! Gentileza ler todo o capítulo 5 de primeiro Coríntios.
Para se retirar o pecado também é necessário tratar com o pecador. Pois o pecado se manisfesta no homem. Ele é o instrumento do pecado (Rm 6.6).
Aqui encontramos a tão polêmica disciplina eclesiástica! Tão discutida e abolida de muitas igrejas por pensar não ser mais necessária e por “ser uma afronta ou insulto ao impenitente”.
Mez Mcconnell, é o pastor sênior da Niddrie Community Church em Edimburgo, na Escócia. Ele se baseia no livro de Jonathan Leeman para relacionar 6 razões para que a igreja pratique a disciplina eclesiástica:
Agora vejamos 4 formas de a disciplina eclesiástica demonstrar amor:
Vejamos 5 propósitos da disciplina eclesiástica segundo os princípios de 1 Coríntios 5:
Vale ressaltar que assim como os sacerdotes foram orientados por Deus a tratar o tema minuciosamente, os casos de disciplina também devem ser analisados com severo critério e com o cuidado necessário para se fazer justiça, separar o indivíduo por um tempo dos trabalhos congregacionais, mas não separá-lo do amor da congregação e caso haja arrependimento, o mesmo deve ser imediatamente restabelecido as suas funções eclesiásticas ou administrativas, bem como ao serviço desenvolvido na igreja local. Uma vez a lepra (pecado) retirada, o processo de reintegração deve-se seguir!
1.2 – O exame do sacerdote
Entre todas as funções que, segundo o ritual mosaico, eram desempenhadas pelo sacerdote, nenhuma requeria atenção mais paciente ou adesão mais rigorosa às instruções divinas contidas no guia do sacerdote, do que o discernimento da lepra e seu tratamento conveniente.
Levítico 13:2-8
2 O homem, quando na pele da sua carne houver inchação, ou pústula, ou empola branca, que estiver na pele de sua carne como praga de lepra, então, será levado a Arão, o sacerdote, ou a um de seus filhos, os sacerdotes.
3 E o sacerdote examinará a praga na pele da carne; se o pelo na praga se tornou branco, e a praga parecer mais profunda do que a pele da sua carne, praga da lepra é; o sacerdote, vendo-o, o declarará imundo.
4 Mas, se a empola na pele de sua carne for branca, e não parecer mais profunda do que a pele, e o pelo não se tornou branco, então, o sacerdote encerrará o que tem a praga por sete dias.
5 E, ao sétimo dia, o sacerdote o examinará; e eis que, se a praga, ao seu parecer, parou, e a praga na pele se não estendeu, então, o sacerdote o encerrará por outros sete dias.
6 E o sacerdote, ao sétimo dia, o examinará outra vez; e eis que, se a praga se recolheu, e a praga na pele se não estendeu, então, o sacerdote o declarará limpo: apostema é; e lavará as suas vestes e será limpo.
7 Mas, se o apostema na pele se estende grandemente, depois que foi mostrado ao sacerdote para a sua purificação, outra vez será mostrado ao sacerdote.
8 E o sacerdote o examinará, e eis que, se o apostema na pele se tem estendido, o sacerdote o declarará imundo: lepra é. (ARC)
A pessoa infectada era levada à presença do sacerdote, para confirmação e diagnóstico. Os sacerdotes levitas não eram médicos treinados, mas podiam identificar doenças cutâneas locais por meio de seus sintomas. Se a condição se resolvesse por si mesma, o que algumas formas de lepra, ao que tudo indica, são capazes de fazer, somente para depois voltar; então o homem imundo podia ser subsequentemente declarado limpo, para voltar a ter uma vida normal. De outra sorte, ele continuava em seu estado de exclusão.
Russel Shedd explica que entre as muitas doenças semelhantes à lepra propriamente dita, havia a escrófula (que produz tumores), a eczema, a micose e várias dermatites, as quais os sacerdotes precisavam conhecer para identificá-las em cada caso, individualmente.
O sacerdote, incapaz em sua função de médico, não podia fazer melhor, sob as circunstâncias, curando a enfermidade ou trazendo algum alívio ao enfermo, Ele se assemelhava mais a um inspetor de saúde, que tinha o poder de isolar casos de contágio, para benefício da comunidade inteira.
Champlin explica que a lepra, naturalmente, não se altera em sete dias; nem isso sucede à maioria das enfermidades cutâneas. Se a enfermidade, sem importar qual o sacerdote estivesse examinando, não se alterasse em sete dias, sete dias adicionais de quarentena eram determinados. Presumivelmente, nesse estágio, se a condição piorasse, o sacerdote já havia declarado que o homem estava imundo. O mesmo sacerdote deveria acompanhar o caso. Se o sacerdote morresse naquele período de sete dias, outro sacerdote tomaria seu lugar, mas o processo teria de começar de novo. Se o período de exame caísse em um sábado, então teria de ser adiado até o dia seguinte. Não poderia haver exames durante a noite, nem em dias enevoados, nem à meia-noite. Em tempos posteriores, as horas designadas eram às quatro, às cinco, às oito e às nove horas do dia.
Examinar uma pessoa suspeita de lepra era uma grande responsabilidade para o sacerdote. Errar aqui era cometer um ato de injustiça contra o seu próximo e para alguns estudiosos, feria naturalmente o oitavo mandamento que dizia “Não dirás falso testemunho contra o seu próximo” (Ex 20.16).
Thomas J. King afirma que se a pessoa tem uma mancha na pele que é branca, deve-se suspeitar que ela tem uma “doença de pele infecciosa”. Porém, se a mancha na pele for branca, mas não parecer mais profunda do que a pele, então o sacerdote deverá colocar a pessoa em isolamento por sete dias. O texto hebraico diz literalmente que o sacerdote irá fechar a aflição por sete dias.
Rashi esclarece que se trata de uma quarentena, não de uma simples cobertura sobre a ferida.
Se, depois de sete dias, um novo exame verificar que a parte afetada não se alterou nem se espalhou pela pele, então a pessoa ficará em quarentena por mais sete dias. A extensão de tempo tem o propósito de dar tempo suficiente para que a aflição ou diminua ou aumente, de modo que o sacerdote possa fazer um juízo preciso acerca do grau de impureza.
Depois do segundo período de isolamento, se a parte afetada diminuiu e não se espalhou pela pele, o indivíduo é declarado puro, do contrário era considerado leproso.
Quem pronuncia sobre este estado é o sacerdote, assim como hoje o ministro reconhece os sinais do pecado e os anuncia ao povo. O pronunciamento eterno sobre o estado final do pecador só pode ser feito por Jesus Cristo, o único Sacerdote eterno e perfeito, e só Ele tem poder para salvar a vítima do pecado (Hb 7.23-27). Percebe-se, neste capítulo, que nada há que o sacerdote humano possa fazer para eliminar a lepra, e muito menos o pecado que simboliza. A responsabilidade dos espirituais (Cl 6.1) é perceber a doença e a cura, separando os doentes, e recebendo os curados à plenitude da comunhão.
A lepra é contagiosa, o pecado o é também. A doença espiritual se reconhece quando as obras da carne se revelam de maneira crua e dramática em nossas vidas (Gl 5.19-21). Neste caso o “leproso” deve receber o tratamento conforme vimos no item 1.1 (disciplina eclesiástica).
Sendo assim, o meio de contágio e corrupção onde quer que fosse, o Senhor exigiu que ele deve ser excluído da sociedade de Israel. Havia um local fora do acampamento, estéril, solitário, onde os leprosos eram confinados. Eles eram ordenados a usar uma cobertura sobre a boca e sobre o lábio superior, e se alguém passasse por eles, foram obrigados a gritar “Imundo! Imundo! imundo! ” (Lv 13.45).
Alguns dos rabinos traduziram o grito para: “Evitar! Evitar! Evitar!”
Um dos poetas americanos colocou: “Espaço para o leproso!”
Eles eram obrigados a nunca beber de um riacho de água do que os outros pudessem beber; nem eles podiam sentar-se em qualquer pedra à beira da estrada em que era provável qualquer outra pessoa pudesse descansar. Eles foram mortos para todos os prazeres da vida, mortos para todas as palavras de carinho, mortos para a sociedade e seus amigos. Excluídos da comunhão dos santos, não podia ir até o tabernáculo, nem cantar seus hinos, não conhecia as alegrias da presença de Deus, nunca saboreavam a paz perfeita!
Por Cláudio Roberto
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