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Betel Adultos – 1º Trimestre 2023 – 22-01-2023 – Lição 4 – O Servo que age com excelência

20/01/2023

Este post é assinado por Cláudio Roberto de Souza

TEXTO ÁUREO

Marcos 5:34

34 E ele lhe disse: Filha, a tua fé te salvou; vai em paz e sê curada deste teu mal. (ARC)

TEXTOS DE REFERÊNCIA

Marcos 10:42-45

42 Mas Jesus, chamando-os a si, disse-lhes: Sabeis que os que julgam ser príncipes das gentes delas se assenhoreiam, e os seus grandes usam de autoridade sobre elas;

43 mas entre vós não será assim; antes, qualquer que, entre vós, quiser ser grande será vosso serviçal.

44 E qualquer que, dentre vós, quiser ser o primeiro será servo de todos.

45 Porque o Filho do Homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos. (ARC) 

OBJETIVOS DA LIÇÃO

  • O Servo que oferece o perdão; 
  • O Servo nos ensina a servir; 
  • O Servo oferece liberdade a todos.

INTRODUÇÃO

Saudações em Cristo.

O evangelho de Marcos, como já visto, dá ênfase mais as obras ou as ações de Cristo do que outras facetas do seu poderoso ministério terreno.

Jesus caminhou nesta terra, de forma impecável e irrepreensível; confundiu as mentes intelectualmente religiosas e despertou os mais simples, a realidade do glorioso Reino de Deus que Ele mesmo estava estabelecendo.

Neste estudo, dentre outros, abordaremos um tema sensível a alma humana, o perdão. Muitos consideram o perdão uma ação, notável, elogiável, nobre, digna e honrosa, mas a grande realidade é que nem todos estão dispostos a exercitá-lo quando a ocasião exige a sua prática.

Jesus, o mestre por excelência, desempenhou um papel fundamental na vida daqueles que tiveram o privilégio de desfrutar da sua companhia durante o seu ministério terreno e contemplaram uma verdadeira aula de sabedoria e prática acerca do perdão que iremos detalhar logo mais adiante.

Como modelo perfeito de tudo o que é bom, agradável e apropriado, Jesus nos deixou um legado a ser imitado, portanto, ao darmos continuidade a sua obra, o fazemos fundamentados em seu exemplo, retratando atitudes encontradas nEle com distinção e superioridade, cônscios que compartilharemos do caráter de Cristo com aqueles que nos ouvem.

1 – O SERVO QUE OFERECE PERDÃO

Primeiramente, precisamos entender que uma das premissas do evangelho é que ele é o evangelho do perdão.

Nossa salvação em Cristo Jesus, indiscutivelmente, passa pelo perdão que Ele nos concede. Não se debate a salvação sem envolver o perdão. O apóstolo Paulo foi enfático quanto ao nosso estado da humanidade sem Cristo diante de Deus. Leiamos:

Romanos 3:23

23 Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus, (ARC)

Herman Bavinck explica: “O primeiro pecado, o pecado pelo qual nossos ancestrais humanos são responsáveis, teve consequências calamitosas para eles e para seus descendentes e desencadearam um dilúvio de miséria sobre a raça humana. Em consequência, a humanidade como um todo e toda pessoa em particular é oprimida pela culpa, desonrada e sujeita à ruína e à morte. As pessoas frívolas podem pensar na vida como um jogo, mas todos aqueles que respeitam os ideais morais seriamente contendem com seus próprios pecados e têm a coragem de observar a realidade como ela é e reconhecem a profunda depravação da natureza humana”.

Para que o homem deteriorado pelo pecado, consiga a sua plena restituição a comunhão com Deus, necessariamente, passa pelo crivo do perdão divino. Toda a culpa somente pode ser removida porque Deus ofertou, através de Jesus, o perdão gratuito ao homem corrompido, mas claro, uma vez perdoado, este homem, impreterivelmente passará a ter outros valores e o Espírito Santo produzirá nele, virtudes antes impraticáveis. Agora, são convocados para viver uma vida santa!

Os verdadeiros cristãos estão de fato, convencidos de que, em Cristo, recebem grandes benefícios, especialmente o perdão de todos os pecados e o evangelho de Marcos nos mostra claramente, como Jesus praticou o perdão e ofertou a oportunidade de recomeço aqueles que cometem falha em sua jornada. O pecado pode ser o fim para aqueles que não buscam no Filho de Deus, o perdão.

1.1 – O perdão do Servo nos ocasiona a paz

Devido à privilegiada localização geográfica, Cafarnaum fora escolhida por Jesus para ser a sua cidade base, isto é, o local onde estabeleceu residência.  Em Mateus 4.13, somos informados acerca de Jesus: “deixando Nazaré e foi habitar em Cafarnaum”. Marcos 2.1, é dito que o servo se encontrava em casa.

Jesus, atinge o auge da sua popularidade e multidões se deslocam de todas as regiões em busca de cura e libertação (Mc 2.2; 3.7-8).

Para muitos estudiosos, este é o único milagre que Jesus realizou dentro de sua própria casa, pois o texto diz que Ele estava em casa (sua casa) e de repente, percebeu-se que entre a multidão, algumas pessoas tinham dificuldade de conduzir um paralítico até Jesus. Somente o evangelho de Marcos revela que eram precisamente quatro homens que carregavam o paralítico (Mc 2.3-4).

Sobre os 4 amigos destaco algumas curiosidades:

  • Fala de 4 evangelhos – Nos evangelhos, encontramos a mensagem para anunciar a Cristo;
  • Existem 4 pontos cardeais (Norte, Sul, Leste e Oeste) – Precisamos anunciar a Cristo nos 4 cantos deste mundo;
  • Existem 4 estações no ano (Primavera, Verão, Outono e Inverno) – Não devemos esperar as melhores condições para anunciar a Cristo, mas precisamos fazê-lo em todas as circunstâncias;
  • Na parábola do semeador há quatro tipos de terrenos (no caminho, pedregais, espinhos e boa terra) – Anunciamos a Cristo sem fazer prejulgamentos ou preconceitos; anunciamos a Cristo sem fazer acepção de pessoas.

Marcos 2:3-5

3 E vieram ter com ele, conduzindo um paralítico, trazido por quatro.

4 E, não podendo aproximar-se dele, por causa da multidão, descobriram o telhado onde estava e, fazendo um buraco, baixaram o leito em que jazia o paralítico.

5 E Jesus, vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: Filho, perdoados estão os teus pecados. (ARC)

Este grupo tinha uma fé perseverante e bastante criativa, pois havia o peso do amigo paralítico, a impenetrabilidade pelas vias usuais devido a multidão que bloqueava qualquer acesso a Cristo, porém, nada disso foi capaz de os fazer desistir. Confiantes de que Jesus certamente curaria o pobre amigo desafortunado, não mediram esforços e engenhosamente, contornaram a multidão, escalaram a casa, a destelharam e fizeram baixar diante de Jesus, o leito em que jazia o paralítico (Mc 2.4; Lc 5.19).

Sobre este episódio, posso imaginar a decepção do paralítico e dos quatro amigos diante da primeira reação de Jesus, pois o paralitico esperava andar, mas Jesus se dirige a ele e diz que seus pecados estão perdoados (Mc 2.5). Muitos hoje veem a casa de Deus não em busca do perdão dos seus pecados, mas em busca de um favor que lhe possa dar algum benefício nesta vida.

Aquelas cinco pessoas, incluindo o paralítico, ficam desapontados, mas Jesus não é superficial. Ele vai até o âmago do problema. Já que todo sofrimento está enraizado no fato da humanidade estar afastada de Deus, Jesus chama a atenção do paralítico para a sua maior necessidade: ele precisava ser restaurado a comunhão com o Criador.

Devemos entender que todas as curas feitas por Jesus são símbolos de uma atuação e autoridades muito mais profundas, a saber, a restauração do ser humano alienado da comunhão e em inimizade com Deus.

Mas a revelação de Deus para todos os tempos é ainda mais fascinante, pois Ele prioriza a alma do homem, isto é, a sua salvação – Jesus se interessa primeiro em purificar a alma antes de curar o corpo.

Agostinho certa vez afirmou: “Mesmo quando o pecado é perdoado, tu continuas com um corpo enfermo”.

Naquele cenário, havia os fariseus, ferrenhos opositores de Jesus. Hernandes Dias Lopes afirma que uma delegação de fariseus, escribas e mestres da lei, constituída de rabinos da Galiléia, Judéia e Jerusalém foi a Cafarnaum investigar os ensinos de Jesus. Eles eram uma comissão de inquérito enviada pelo sinédrio, portanto estavam ali em caráter oficial. William Barclay diz que o sinédrio era a Corte Suprema dos judeus e uma de suas funções era ser guardião da ortodoxia.

A oposição que começou com Satanás e seus demônios no capítulo 1, no capítulo 2, veste-se agora de pele humana. Os escribas, fariseus, doutores da lei e herodianos vão se mancomunar para perseguir e matar Jesus.

Jesus estava aumentado cada vez mais o status e a fama de exímio pregador, despertando a fúria dos fariseus que no coração arrazoavam:

Marcos 2:7

7 Por que diz este assim blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, senão Deus? (ARC)

Em outras palavras: “Quem este homem pensa que é?” A palavra “este” nesta passagem indica desprezo.

Perdão dos pecados é uma prerrogativa divina

Isaías 43:25

25 Eu, eu mesmo, sou o que apaga as tuas transgressões por amor de mim e dos teus pecados me não lembro. (ARC)  

Isaías 44:22

22 Desfaço as tuas transgressões como a névoa, e os teus pecados, como a nuvem; torna-te para mim, porque eu te remi. (ARC)

Neste caso, para os fariseus, Jesus “comete pecado” de Blasfêmia:

Levítico 24:15-16

15 E aos filhos de Israel falarás, dizendo: Qualquer que amaldiçoar o seu Deus levará sobre si o seu pecado.

16 E aquele que blasfemar o nome do SENHOR certamente morrerá; toda a congregação certamente o apedrejará; assim o estrangeiro como o natural, blasfemando o nome do SENHOR, será morto. (ARC) 

Não se acha no judaísmo nenhuma fórmula de absolvição que conceda a homem algum, por mais santo e grande que seja, o poder de purificar a mancha da alma.

O homem tenta apresentar diversas soluções para se livrar das consequências do pecado, imitando uma velha tática que não funcionou no passado e não funciona no presente.

As folhas de figueira usadas por Adão e Eva não foram aceitas por Deus para remissão do pecado cometido (Gn 2.7,21). Zaqueu estava também escondido entre folhas de figueira, mas Jesus o convidou a descer para pousar em sua casa e fazer tudo novo e diferente em sua vida (Lc 19. 4-5). Quando Jesus expirou na cruz do calvário, a Bíblia diz que o véu do templo rasgou de alto a baixo e não de baixo para cima. O véu era uma cortina que separava o lugar santo do santíssimo, separava a presença do homem da presença de Deus. Ao rasgar o véu de alto a baixo, ao informar a direção que o véu foi rasgado, Deus estava deixando a mensagem, nos fazendo entender que a provisão para resgatar o homem, parte do céu, parte Dele, parte de Deus e que todas as tentativas de se resgatar o homem que não passe pelo calvário são nulas, desprezadas e não aceitáveis. Somente através de Cristo, o homem pode ter paz com Deus.

Hernandes Dias Lopes explica que o pecado é a pior tragédia da humanidade. Ele é a causa primária de todas as nossas mazelas. O pecado não perdoado é o maior amigo de Satanás e o pior inimigo do homem. O pecado é a pior doença. É o veneno doce que mata o corpo e a alma. O pecado é pior do que a solidão, que a pobreza, que a doença, que a própria morte. Todos esses males não podem nos separar de Deus, mas o pecado nos separa de Deus agora e na eternidade.

Jesus nunca tratou a questão do pecado com leviandade, diz William Hendriksen. Ele não lidou com o pecado apenas como um tênue sentimento de culpa ou traumas psicológicos. Para Jesus o pecado, é um desvio indesculpável da santa lei de Deus que tem um efeito drástico sobre a alma (Mc 4.19) e que está entranhado no coração e não apenas nas obras exteriores (Mc 7.6,7,15-23). Jesus ofereceu o único remédio eficaz para essa questão do pecado: seu perdão completo e restaurador. O perdão é a maior força curadora do mundo, ele cura as feridas do corpo e lanceta os abcessos da alma. Enquanto o pecado adoece e a culpa esmaga, o perdão cura e restaura.

O catolicismo romano outorga que o penitente deve procurar o clero e em um confessionário, confessar a culpa e assim como alguém que prescreve uma receita de bolo, diz para o pecador rezar alguns pais nossos e outros tantos de aves marias e tudo está resolvido. O espiritismo kardecista diz que se praticarmos o bem teremos a purificação do nosso espírito. Tanto um como outro, são folhas de figueiras utilizadas para burlar o caminho do Calvário estabelecido por Deus.

A revelação de Jesus aos fariseus daquela época à pecados associados a doenças

Para os judeus, as enfermidades sempre estavam associadas a algum tipo de pecado cometido, de forma que uma vez a pessoa tendo os pecados perdoados, também se veria livre da sua consequência que era a enfermidade.

Evidência do pecado perdoado x Charlatanismo 

Ninguém poderia garantir que os pecados daquele paralítico de fato estavam perdoados. Havia a necessidade de uma evidência. Havia a necessidade daquele paralítico andar. Caso aquele paralítico não se levantasse, Jesus poderia ser considerado um charlatão, mas se o paralítico anda aqui, queria dizer que a sua palavra era confiável. 

Marcos 2:9

9 Qual é mais fácil? Dizer ao paralítico: Estão perdoados os teus pecados, ou dizer-lhe: Levanta-te, e toma o teu leito, e anda? (ARC) 

Jesus não pergunta o que é mais difícil, mas pergunta o que é mais fácil, pois ali ele falava na condição de Deus, sob a égide da natureza divina. Haveria alguma coisa demasiadamente difícil para Deus? Porque tudo para Deus é possível… (Gn 18.14; Mt 19.26).

Jesus Cristo é o único ser que detém em si mesmo a autoridade para perdoar os pecados de qualquer homem.

Marcos 2:10-12

10 Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra poder para perdoar pecados (disse ao paralítico),

11 a ti te digo: Levanta-te, e toma o teu leito, e vai para tua casa.

12 E levantou-se e, tomando logo o leito, saiu em presença de todos, de sorte que todos se admiraram e glorificaram a Deus, dizendo: Nunca tal vimos. (ARC)

O paralitico se levantou, tomou o seu leito e saiu andando na presença de todos! A comunhão com Deus deste homem foi restaurada como certo foi o fato de ele andar na presença de todos.

A obra de Jesus é completa: Ele perdoou e curou; cuidou da alma e do corpo; resolveu as questões do tempo e da eternidade.

1.2 – O perdão do Servo nos permite crescer na fé

Sob a perspectiva comum, todo o ser vivo inserido no reino vegetal ou no reino animal, tem uma tendência natural de crescer. Portanto, o desenvolvimento é peculiar e prerrogativa de tudo que tem vida.

O agricultor quando planta uma semente pequena, tem em seu coração a expectativa de que aquela semente plantada irá nascer, germinar, crescer, florescer e frutificar.

Da mesma forma, uma mãe quando o óvulo é fecundado em seu útero, inicia-se ali o processo mais primitivo de desenvolvimento do ser humano. Ele é pequeno e disforme, mas está em franco desenvolvimento e após nove meses ele nasce e vem para a luz. Depois do nascimento o crescimento permanece.

Desta forma, entendemos que tudo que há vida possui a tendência natural de crescer e de se desenvolver.

Porém, o evangelho de Marcos destaca um dos principais crescimentos na vida cristã que é obtido através do perdão – o crescimento na fé.

Quando Jesus perdoou os nossos pecados, passamos a ter a verdadeira paz com Deus e interiormente, essa paz promove bem-estar conosco mesmo e principalmente com Deus.

Através do Espírito Santo que habita em nós, passamos a ter a capacidade de perdoar aqueles que nos ofendem e então, este bem-estar, passa a ser completo, pois temos relacionamento harmonioso na vertical, isto é, com Deus, na horizontal, isto é, com os homens e também em nosso íntimo, isto é, conosco mesmo.

Na ocasião em que Jesus amaldiçoou a figueira por não ter frutos, Ele passa discorrer acerca da fé e da oração eficaz. Leiamos:

Marcos 11:25-26

25 E, quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para que vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe as vossas ofensas.

26 Mas, se vós não perdoardes, também vosso Pai, que está nos céus, vos não perdoará as vossas ofensas. (ARC)

Somente o evangelho de Marcos possui esta palavra entre os evangelhos.

Willian Hendriksen explica:

“A oração efetiva pressupõe um coração amoroso. A pessoa que ora deve estar desejando e ansiosa por perdoar. Se lhe falta essa disposição, essa pessoa não tem nenhum direito de assumir que suas próprias transgressões foram perdoadas. 

Apesar de, não somente nos ensinos de Paulo (Rm 3.24; Ef 2.8; Tt 3.5), mas certamente também nos de Cristo (Mt 5.1-6; 18.27; Lc 18.13; Jo 3.3, 5), a salvação basear-se, não em realizações humanas, mas somente na graça e na misericórdia de Deus, isso não significa que aqueles que a recebem, não tem nada a fazer. Eles devem crer. Incluído nessa fé, está o desejo de perdoar. E o “vosso Pai celestial” quem perdoa, e o faz na base do sacrifício

propiciatório do Filho (Ef 4.32). Será que a mesma expressão: “Vosso Pai”, indica: “Pense em todas as bençãos que vocês recebem constantemente dele. Não deveriam de coração perdoar aqueles que os feriram?” 

Note as “vossas ofensas”. Transgressões são desvios do caminho da verdade e retidão. Ao cometê-las, a pessoa afasta-se do caminho do dever. Uma transgressão é, portanto, um passo em falso. Então, se esses desvios são de um caráter mais moderado, como em Gálatas 6.1, e talvez também Romanos 5.15, 17, 18, ou se são muito mais sérios, como em Efésios 1.7; 2.1, eles devem ser perdoados. 

Note, além do mais, o “se tendes alguma coisa contra alguém”. Apesar de ser correto pensar que Jesus estava se referindo, em primeiro lugar, a irmandade (veja Mt 18.15-17), uma comparação com Mateus 6.14 – “perdoardes aos homens as suas ofensas” – indica que o perdão deve ser estendido também para os “de fora”. Não foi assim que Jesus fez? (Lc 23.34). E Estevão? (At 7.60. Cf. Ef 5.1, 2). 

A fé genuína resulta em oração respondida (11.20-23). Portanto, tal fé inspira esperança, que está firmemente arraigada nas promessas infalíveis de Deus (Mc 11.24). Tem o seu clímax no amor, que implica um espírito perdoador (Mc 11.25).”

Para alguns estudiosos, estamos diante da oração eficaz, que implica em nós perdoarmos livremente os outros como Deus nos perdoa. Se não o fizermos, como podemos orar “em nome de Jesus”?

Uma vez orando e perdoando a todos os que nos ofendem, teremos a resposta daquilo que apresentamos em oração. Aquele que nega o perdão não pode recebê-lo, pois um espírito rancoroso é contrário a uma súplica por perdão.

Hernandes Dias Lopes afirma que o perdão não é opção. Perdoar é uma necessidade imperativa. Quem não perdoa não pode orar a Deus nem ofertar a ele. Quem não perdoa não pode ser perdoado por Deus nem desfrutar de paz interior. Quem não perdoa vive flagelado pelo chicote da culpa. O perdão não é opção; é necessidade. O perdão não é fácil, mas é vital se deseja ter saúde emocional e vigor espiritual. O perdão é maior do que a mágoa e liberta dela. O perdão traz cura enquanto a mágoa adoece. O perdão faz uma faxina na mente enquanto a mágoa polui a mente. O perdão restaura a alma enquanto a mágoa afunda a alma no atoleiro do ódio. O perdão é obra da graça e não fruto de uma personalidade dócil. O perdão é obra de Deus em nós e que traz benefícios para nós e para as pessoas ao nosso redor.

1.3 – O perdão do Servo oferece um novo recomeço

O evangelho de Marcos contém o registro de que muitos enfermos e endemoninhados foram levados a Jesus, a fim de experimentarem a libertação dos males (Mc 1.34). Simão Pedro chegou a afirmar a Jesus: “Todos de buscam” (Mc1.37). A ação de Jesus sobre as enfermidades e principalmente sobre as pessoas possessas demonstram a sua poderosa autoridade, jamais vista, até então.

Vamos entender o que significa o termo.

Autoridade significa: Direito ou poder de ordenar, de decidir, de atuar, de se fazer obedecer. Entidade que detém esse direito de poder; Autoridade é poder facultado a alguém para realizar algo.

Estamos cercados de autoridades terrenas e sempre nos subordinamos a uma ou algumas, no entanto todas estão subordinadas a Deus.

João 19:10-11

10 Disse-lhe, pois, Pilatos: Não me falas a mim? Não sabes tu que tenho poder para te crucificar e tenho poder para te soltar?

11 Respondeu Jesus: Nenhum poder terias contra mim, se de cima te não fosse dado; mas aquele que me entregou a ti maior pecado tem. (ARC)

Autoridade de Jesus impressiona e demonstra quão dominante Ele é, quão poderoso e majestoso ele É.

O contexto dos capítulos 4 (parte final) e 5 de Marcos destacam a autoridade de Jesus sobre as forças da natureza (Ele apazigua a tempestade – Mc 4.35-41); sobre os demônios (Mc 5.1-20) e sobre as enfermidades (a cura da filha de Jairo e da mulher com fluxo de sangue – Mc 5.21-43).

Para entendermos melhor a autoridade de Jesus, sobre os espíritos malignos e a oportunidade que Ele oferece para um novo recomeço, destacaremos o texto de Marcos 5.12-13. Leiamos: 

Marcos 5:12-13

12 E todos aqueles demônios lhe rogaram, dizendo: Manda-nos para aqueles porcos, para que entremos neles.

13 E Jesus logo lho permitiu. E, saindo aqueles espíritos imundos, entraram nos porcos; e a manada se precipitou por um despenhadeiro no mar (eram quase dois mil) e afogou-se no mar. (ARC)

Na antiguidade, os povos pagãos já cultivavam a crença que existiam os espíritos malignos e tais povos buscavam proteção dessas entidades más, através de rituais de magias e feitiçarias, amuletos e muita superstição.

O antigo testamento é bastante reservado sobre o assunto demonologia e mesmo na lei de Moisés, não encontramos um único preceito acerca deste tema, embora possamos encontrar algumas referências em que a atuação dos espíritos malignos agia sob a aprovação ou autorização de Deus. Leiamos:

1 Reis 22:20-23

20 E disse o SENHOR: Quem induzirá Acabe, a que suba e caia em Ramote-Gileade? E um dizia desta maneira, e outro, de outra.

21 Então, saiu um espírito, e se apresentou diante do SENHOR, e disse: Eu o induzirei. E o SENHOR lhe disse: Com quê?

22 E disse ele: Eu sairei e serei um espírito da mentira na boca de todos os seus profetas. E ele disse: Tu o induzirás e ainda prevalecerás; sai e faze assim.

23 Agora, pois, eis que o SENHOR pôs o espírito da mentira na boca de todos estes teus profetas, e o SENHOR falou mal contra ti. (ARC)

Jó 1:11-12

11 Mas estende a tua mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema de ti na tua face!

12 E disse o SENHOR a Satanás: Eis que tudo quanto tem está na tua mão; somente contra ele não estendas a tua mão. E Satanás saiu da presença do SENHOR. (ARC)

Jó 2:5-6

5 Estende, porém, a tua mão, e toca-lhe nos ossos e na carne, e verás se não blasfema de ti na tua face!

6 E disse o SENHOR a Satanás: Eis que ele está na tua mão; poupa, porém, a sua vida. (ARC)

A autoridade do Senhor é total sobre tudo que se move e sobre aquilo que é inanimado. Tudo que é matéria e sobre tudo que é espírito. A sua autoridade não se baseia em magia, feitiçaria ou amuletos, mas no seu próprio poder!

No caso do endemoninhado de Gadara, esta será a primeira vez que Jesus irá demonstrar a sua autoridade sobre os demônios. Com exceção do caso em que o espírito maligno se retirou de Saul, quando Davi tangia a sua harpa, todas as outras manifestações demoníacas eram repelidas afogando o endemoninhado, ateando fogo, acorrentando ou espancando.

Jesus ao chegar na outra margem, na província de Gadara, local este habitado predominantemente por gentios e que compunha o polo de cidades patrocinadas por Roma, conhecidas como Decápolis (Dez cidades), Ele se depara com um homem terrivelmente endemoninhado e que já não podiam viver em sociedade. Os moradores o acorrentava, porém, mesmo assim, rompia as cadeias de forma que viviam nos sepulcros que haviam nas redondezas do local.

O texto nos informa que naquele homem habitavam uma legião de demônios (Mc 5.9). Legião era a maior unidade do exército romano, incluía infantaria leve, pesada, cavalaria e auxiliares. Este contingente militar era formado por 6 mil soldados, homens adestrados para a luta. Os demônios também são aptos para pelejar contra a humanidade, não se trata de um amontoado de anjos caídos sem maestria e organização no que fazem. São fortes e dominam a qualquer um que não esteja sob a sombra do onipotente (Sl 91.1).

Ao ver Jesus, os demônios foram até Ele rendidos, pois todas as coisas a seu tempo se submetem ao seu poder e autoridade.

Romanos 14:11 

11 Porque está escrito: Pela minha vida, diz o Senhor, todo joelho se dobrará diante de mim, e toda língua confessará a Deus. (ARC) 

Filipenses 2:9-11 

9 Pelo que também Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é sobre todo o nome,

10 para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra,

11 e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai. (ARC)

Jesus, permitiu que aquela legião entrasse em uma manada de porcos que estavam por perto. Vale ressaltar que porcos eram impuros para os judeus e alimentar-se deles era estritamente proibido (Lv 11.7,8), mas não para os Gadarenos que não se preocupavam em agradar a Deus. O endemoninhado convivia com estes animais e subentende que até comia seus alimentos.

A permissão de Jesus para que os demônios se apoderassem dos porcos, revela que todas as ações demoníacas têm a permissão de Deus (Jó 1-11-12). Os animais, então, se precipitam de um penhasco e morrem, revelando a intenção que o Diabo sempre tem de matar.

O que nos espanta ao final deste episódio é que o homem liberto de forma miraculosa e jamais vista, encontrasse assentado em perfeito juízo aos pés de Jesus (Mc 5.15) e a população da região deu mais atenção para o prejuízo econômico advindo da perda dos animais do que para a glória de Deus manifesta no desencarceramento espiritual daquele homem, vítima de Satanás (Mc 5.17)!

Inversão de valores também é sinal de desordem espiritual (Mt 6.33).

Apesar da forte resistência maligna, Jesus não mediu esforços para chegar até aquela terra, quebrar o poder do inimigo e ali implantar um missionário (Mc 5.19-20; Lc 8.39) – Aleluia!

2 – O SERVO NOS ENSINA A SERVIR

Evangelista Cláudio Roberto de Souza

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Postado por ebd-comentada


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